Homenagem a minha mãe Zuila e a outras mães
Minha mãe Zuila, vós que agora encontrais ao lado do nosso Pai Maior e de nosso pai Aloísio, quero vos pedir permissão para estender as orações que sempre faço para homenageá-la, a todas as mães que ainda se encontram neste mundo, sofrendo todas as formas de angústia, de injustiça, de maus tratos e de abandono.
São elas, a mãe branca, a mãe preta, a mãe índia, a mãe alcoólatra, a mãe encarcerada, a mãe abandonada, a mãe feliz, a mãe jovem, a mãe velha, a mãe corajosa, a mãe acuada, a mãe sem terra, a mãe profissional, a mãe que mesmo em pedaços se reveste sempre da mesma força para lutar em defesa e pela proteção de suas crias.
São elas que percorrem os duros caminhos das estradas em busca do filho perdido ou sequestrado. São elas que fazem ecoar sua voz, grilando o silêncio seco de todas as caatingas, com um canto melopédico plangente e monótono, anunciando que seu rebento encontra-se faminto. São elas que procuram incessantemente ter o direito de enterrar seus filhos e justiçar os seus algozes, seja protestando na Praça de Maio, nos Fóruns da Justiça, nos Eldorados de Carajás, nas Praças da Sé, nos Carandirus, nas terras do Oriente Médio, na Ásia Ocidental, na África, nas grandes e pequenas cidades brasileiras e do planeta. São elas que dão a sua vida em troca da vida de seus filhos, sejam eles bons ou maus.
Como fizestes em vida, elas continuam lutando, chorando, sofrendo por seus filhos, sem que a amargura tome conta de seus corações. Não que eles estejam petrificados, mas porque elas são fortes, iluminadas e carregadas de amor, como fostes.