Sapatos
Já é noite, e eu prometi a mim mesmo que iria escrever apenas um texto por semana. Sabe, é que eu tava ficando estressado com a pressão, que eu próprio me colocava, para escrever todos os dias. Ai, resolvi escrever apenas um por semana, e usar os outros dias como inspiração. Mas é dai mesmo que surge a dúvida: Vou falar sobre o quê? Bem, poderia falar do meu violão abandonado - que o chamo de Gia-nini - , ou da lua como era o plano - mas acontece que o dia da super lua cheia foi ontem, ai num rola mais - , ou de mulheres - adoro falar sobre mulheres, mas não - e por fim continuo na dúvida: falar de quê?
Bem e na falta do que dizer, ou no excesso de assunto, vou falar dos meus sapatos; ou sendo mais exato, do prazer que tenho em engraxa-los. Cara é um sensação transcendental. Trilouco e tribom. Eu num sou nenhum perfeccionista, ou alguém viciado em limpeza, mas a emoção que sinto ao limpar (polir) ou deixar o meu chinelinho sempre branco, é de lavar a alma - ou melhor dizendo; de lustra-la. É como se ao limpar o sapato - e que no meu caso tá mais pra uma bota - eu limpasse juntamente a alma, deixando-a sempre limpa e polida.
E pensar que esse habito eu adquiri enquanto prestava serviço militar. Tinha sempre o maior orgulho de ter o coturno mais bem engraxado. Era um vaidade pessoal. E pensar que hoje em dia, as pessoas quase que não tem mais o prazer de limpar os sapatos. É tudo tão rápido. E engraxar leva tempo; tempo para refletir e admirar o trabalho bem feito. Mas fazer o quê, o tempo passa, a vida passa e nós aqui sem sapatos para limpar e com almas sujas.
Ressentimentos à parte, fico eu aqui a digitar esse texto pensando em deletar minha conta do facebook. Entretanto, isso não tem importância, o que importa é que estou de alma engraxada e de sapato lavado; mesmo que a vida insista em suja-la.