MÃE, COMO ANTIGAMENTE !
Cruzando uma alameda da cidade, reclinei-me ligeiramente a uma lanchonete da esquina, enquanto a chuva da tarde se derramava à cântaros – um toró pra ninguém botar defeito, em nosso linguajar paraense.
A TV estava ligada e os comerciais abordavam sobre o dia das mães ... - o que me fazia curvar às minhas lembranças da infância querida – bem longe, mas de profundas marcas fincadas na minha vida ! ...
Veio-me, então, um fato ocorrido numa radiosa manhã, aos dez anos de idade, num imenso quintal de casa: Observava naquele cenário, com outros curiosos de igual faixa etária, um depósito ou criações temporárias de tracajás ou pequenas tartarugas em seus primeiros meses de vida... - foi quando, num gesto infantil e perigoso, resolvi testar os meus dedinhos nos amolados dentes do animal –, e qual não foi a surpresa e desespero de todos ! ... E gritaram escancarados :
- Corra, dona Maria, o bicho engoliu o dedo do Enock !
Nisso, num alto reflexo – sintomático às mães dignas – e em alta velocidade, ela disparou da cozinha e já chegou empurrando uma faca com muita segurança e pontaria na boca do quelônio, motivando-lhe a imediata liberação do meu dedo – o que sangrava profundamente !!! ...
São grandiosas recordações que me causam muita emoção ! MÂE, QUANDO MÃE – É MÃE !
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Contava essa história verídica para um amigo ao lado, quando me atalhou, dizendo :
- Verdade, meu caro, JÁ NÃO SE FAZEM MÃES, COMO ANTIGAMENTE ... entretanto, você encontra facilmente em cada esquina :
MÃE-QUALQUER, MÃE-DA-OUTRA, MÃE-DO-ACASO, MÃE-NINGUÉM, MÃE-SEM-MÃE E OUTRAS PARIDEIRAS !!! ...