COTAS PARA AFRO DESCENDENTES

COTAS PARA AFRO DESCENDENTES

BETO MACHADO – 27/04/2012

Quando eu soube da argüição do PSDB ao STF, apresentando dúvidas quanto a preceitos fundamentais da constituição de 1988, que teriam sido descumpridos na época da implantação das cotas para afro descendentes ingressarem nas universidades públicas, comecei a entender e observar a profundidade da ideologia neoliberal tupiniquim, até então mostrada exacerbadamente, apenas no momento das privatizações. Ali, as caciques neoliberais alegavam a necessidade de se minimizar o Estado brasileiro. Concluído o processo, nos restaram somente o BANCO DO BRASIL, a PETROBRAS e FURNAS. A resposta do povo foi imediata e, nas urnas, foram depositadas as insatisfações de cada brasileiro. Resultado: o trabalhismo despachou os neoliberais para o escanteio da oposição.

Os dois partidos que, com animalesca voracidade, “comeram com angu” empresas até então pertencentes ao patrimônio brasileiro, hoje se encontram numa incômoda posição no congresso nacional.

Com tantas questões importantes que podem propiciar melhorias e desenvolvimento para o povo, se tramitadas e aprovadas no parlamento, o PSDB achou logo de tentar bloquear a possibilidade do Estado brasileiro corrigir uma injustiça com o pagamento de uma dívida secular que a sociedade tinha com os afro descendentes no tocante à educação.

O povo não é bobo, mesmo que, vez por outra, demonstre o contrário, principalmente nas eleições municipais.

Na minha juventude a palavra reacionário era um pesado xingamento. Esse vocábulo apenas era utilizado com o significado ideológico. Mas hoje precisamos ressuscitar a conotação pragmática desse adjetivo.

A unanimidade dos votos dos ministros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, rechaçando definitivamente a ADPF requerida pelo PSDB, estimula os afro descendentes a pleitearem a inclusão no calendário cívico brasileiro a data de 26 de abril de 2012 como a dia da quebra do cadeado do saber, em prol daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades na educação básica, que propiciassem uma disputa isonômica nos vestibulares para ingresso nas universidades públicas.

O STF lançou sua mensagem claríssima, cristalina. Se havia alguma dúvida por parte dos egoístas defensores do monopólio do saber para os economicamente afortunados, essa já foi dirimida. Agora é a nossa vez de discernir quem é quem; quem quer o bem de quem. Mas temos tempo para expor nossa reação, exercendo o direito democrático do voto. Seria excelente se os afro descendentes dessem uma boa resposta nas urnas a esse partido que tentou barrar, através de consulta ao STF, as cotas para eles ingressarem nas universidades públicas. Também na política toda ação deve gerar reação. O joio jamais poderá superar o trigo. Apesar semelhança, eu sou mais o trigo, mas há quem prefira o joio.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 04/05/2012
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