O mal que eu alimento
Medo! Sim, eu sinto medo. Sou medrosa! Queria ter mais coragem. Queria ter coragem. Acho que a deixei em algum lugar entre os medos, medos antigos, medos bobos. Medos que não me deixam. Perdi a coragem no momento em que o mundo perdeu a gentileza. Eu costumava regar minhas flores. Acompanhar o processo de desenvolvimento delas. Mas, depois da gentileza ser assassinada, o meu tempo pra coisas simples se suicidou. E eu fiquei sem saber pra quem sorrir. Foi aí que me deixei. Me encolhi no canto da cama. Esperei as horas passarem ou pararem. Perdi minha cor. Passei a andar meio em preto e branco. Ainda sei sentir. Sei amar. Sinto dor. Tem dias que não sinto nada. Amo imensamente o que me restou. E rabisco alguns sonhos no céu antes de dormir. (Escondido. Pra não ter mais uma dor.).