BEIJOS NA BOCA
Escreve Ana Colaço no “ Destak” de 15 de Março, que a filhinha de nove anos, ao ser interrogada, durante o jantar, sobre o que deu na escola, respondeu espevitadamente, transbordante de inocência: “ Dei três beijos na boca”.
Com igual inocência responderam as garotinhas do Jardim-de-infância de Góis *, há quatro anos, quando alguém lhes inqueriu: “O que é namorar?”
Eis as respostas: “Tirar a roupa” (4 anos); “Dar beijinhos na boca” (5 anos);” Fazer sexo” (5 anos)”; “ As meninas para não ficarem grávidas têm que usar supositórios (5 anos); e outras definições do mesmo cariz.
Estas garotinhas encontravam-se muito longe da puberdade e ainda não frequentavam o 1º ciclo escolar; daqui se conclui, que as meninas (os) repetiram o que ouviram e presenciaram no meio familiar ou observaram em filmes, telenovelas e “conselheiros” da TV.
A filha da jornalista Ana Colaço, de nove anos, deu três beijos na boca, e, segundo a mesma, correu bem.
Três beijos inocentes, sem malícia, porque se o não fosse, a menininha não o teria revelado espontaneamente, mas fê-lo seguindo o exemplo, penso eu, que viu em telenovelas; as outras, a do infantário, com quase metade da idade, deram à repórter, respostas mais avançadas.
Em lugar de explicarem, que namorar é: ter um amigo, agradar, partilhar, andar de mãos dadas, disseram, que: era tirar a roupa e fazer sexo.
É o conceito que a media transmite e incute, sem escrúpulo, do mesmo jeito como a imprensa estampa nas páginas de “Relax” fotos e textos vergonhosos. que deviam indignar os leitores, já que não incomodam os directores, que buscam o lucro à custa da perversidade de crianças e adolescentes.
Perante a indiferença de uns, e a ambição de outros, como querem que a sociedade seja mais justa, moralmente mais são, se as crianças, mesmo dentro de casa, corrompem-se em contacto com esses exemplos nefastos?!
* - “O Varzeense” 29/02/O8