EDUCAR PARA PENSAR
Meu filho você precisa estudar para um dia ser alguém na vida, um “Dotor”.
Quantos de nós já ouvimos essa frase? De pessoas próximas ou até mesmo da nossa própria mãe. Claro que sim, isso faz parte da nossa cultura, que foi escarificada paulatinamente em nossos costumes, e que agora se torna algo normal de se ver e difícil de remover.
Não divirjo da primeira parte, apesar deste assunto muitas vezes ser abordado de forma desajeitada, sabe-se que a educação é um dos pilares fundamentais para um país melhor, para um mundo mais justo, entretanto esse único fator não vai nos salvar, por outro viés, sem ele não há base para a construção das demais pilastras, precisamos encontrar o equilíbrio.
Desperta-me a atenção, o restante da frase, “...estudar para um dia ser alguém na vida, um “Dotor”.”. Como muitas de nossas fraquezas, nos brasileiros compartilhamos, curtimos, adotamos, por aperfeiçoamento, por inveja ou por simples (co) modismo, padrões importados do Tio Sam, especialmente o sonho americano. Que inicialmente tinha uma ideologia fundamentada, de ter igualdade de oportunidades e de liberdade que permitisse que as pessoas atingissem seus objetivos na vida somente com o seu esforço e determinação. Porém, essa ideia que foi expressa pela primeira vez em 1931 por James Truslow Adams, que se referia que a prosperidade depende de suas habilidades e seu trabalho, hoje está pervertida, vivemos um país onde a “Malandragem brasileira”, é aclamada em verso e prosa, vendida como produto de exportação. E está presente nas favelas, no congresso, nas prefeituras, nas blitz, malandrice por todo lado, realmente poucos respeitam a Constituição, mas todos acreditam na Copa e na Seleção, afinal de contas quem não é malandro é mané, não é!?
Há décadas somos condicionados a um modo de vida, robótico, uniformizado, sistematizado, somos educados para cumprir padrões sociais, aonde para ser bem sucedido é preciso ser ao exemplo da frase, médico ou advogado, “Dotor” com roupas de grife, carros importados, que viaja para Dubai. Não sou eu que estou dizendo está ai, na mídia, nos outdoors, revistas, nas conversas cotidianas. – Nossa guria tu viu fulano, está super bem, cada dia mais chique, comprou uma daquelas SUV’s, último tipo.
Como consequência disso estereotiparam padrões impossíveis de serem alcançados pela maioria da população , um padrão de riqueza e ostentação, de corpos magérrimos e artigos caros, de festas de debutantes milionárias, que fogem da realidade do nosso país. Precisamos mudar esse protótipo, devemos educar para pensar, não para repetir, desenvolver a nossa sociedade para que reconheça, um professor de escola pública como um alguém na vida, que perfilhe um enfermeiro da mesma maneira, um profissional da limpeza, um agente educacional, de modo a educar as pessoas para o mundo mais igual, mais justo. É necessário refletir, planejar, discutir, repensar, reavaliar, raciocinar, agir, querer. Ou, você pode chegar em casa e assistir nova novela e ai vai estar tudo bem. Será?