RIO DE JANEIRO linda até debaixo d'água.
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Hoje pensei em escrever uma crônica grave. Talvez aguda. A voz da crônica pode ser a dos pássaros, pode ser a dos sem voz, pode ser a dos sem domingo e dos sem cachimbo. Lá fora o RIO de JANEIRO é todo água que não é de março nem de flores nem benta. O Rio, lá fora, mais parece cachoeira, com o perdão da má palavra, posto que Cachoeira é bandalheira e corrupção. O Rio Não? Talvez Sim, talvez não. Neste primeiro de maio, prefiro o trabalho ao ladrão. Por isto minha crônica não é do sim, mas do senão. Senão da vida por ela, tão cheia de imperfeição. Senão como dádiva que nos permite ser da vida a criação; que nos permite não ser a "a moça da janela que via a banda passar"; que nos faz achar graça em tudo, inclusive na falta de graça, mas que na vida dá graças a Deus. Senão que nos tira do limbo das mais ternas concepções para cair na dura realidade que é viver entre o que Deus põe e a vida dispõe.
Por isto hoje prefiro o frio do apartamento de um quarto de hotel a sair por aí em busca do Cristo que se esconde por entre a cerração do tempo; do alto, dele a gente se imagina e faz da sua ilusão nossa auto-estima enquanto o tempo não muda, enquanto o sol não se desnuda por sobre a baia da Guanabara. Por isto prefiro ficar no quarto. Fazendo da vida um espetáculo em ato único, em preço único, com uma pessoa única. Lá fora há há distrato, aqui há um trato de afeto que se contenta com a sinfonia da vida e faz dela corolário, aniversário de vinte e cinco anos...
O Rio lá fora se distribui entre as águas da chuva e as chuvas que lavam a alma do povo sofrido neste dia do trabalhador. Mais dor do que trabalho, mais chuva Eque agasalho. Mas o Rio continua lindo! Embora com o homem maltratando a natureza que lhe foi pródiga, sobra esbanjamento nas serras, nos morros de pedra que esta cidade protege, apesar dos Cacheiras, dos com tanta eira e beira e de milhares sem nenhum dos dois.
Hoje tentei escrever uma crônica grave, mas o agudo da chuva me conduziu para o trinado onomatopaico dos sem voz e dos sem vez que este primeiro de maio comemora...
Rio de Janeiro, 01 de maio de 2012
Por isto hoje prefiro o frio do apartamento de um quarto de hotel a sair por aí em busca do Cristo que se esconde por entre a cerração do tempo; do alto, dele a gente se imagina e faz da sua ilusão nossa auto-estima enquanto o tempo não muda, enquanto o sol não se desnuda por sobre a baia da Guanabara. Por isto prefiro ficar no quarto. Fazendo da vida um espetáculo em ato único, em preço único, com uma pessoa única. Lá fora há há distrato, aqui há um trato de afeto que se contenta com a sinfonia da vida e faz dela corolário, aniversário de vinte e cinco anos...
O Rio lá fora se distribui entre as águas da chuva e as chuvas que lavam a alma do povo sofrido neste dia do trabalhador. Mais dor do que trabalho, mais chuva Eque agasalho. Mas o Rio continua lindo! Embora com o homem maltratando a natureza que lhe foi pródiga, sobra esbanjamento nas serras, nos morros de pedra que esta cidade protege, apesar dos Cacheiras, dos com tanta eira e beira e de milhares sem nenhum dos dois.
Hoje tentei escrever uma crônica grave, mas o agudo da chuva me conduziu para o trinado onomatopaico dos sem voz e dos sem vez que este primeiro de maio comemora...
Rio de Janeiro, 01 de maio de 2012