Alaranjados e anis
O sino da liberdade tocou uma hora antes no derradeiro dia de labuta. O sol de Iracema ainda dava cor aos transeuntes quando tomou o seu destino.
Nada de capacete, botas e trena. Nada de prancheta e planilhas mil. Nada de estruturas estáticas, coeficiente de segurança, política da qualidade.
Nada?
Nadar!
Antes da quinta badalada já sentia a maresia no rosto. Parafina, raspador… let’s go! Água morna, maré enchendo, correnteza forte e a dificuldade peculiar de romper a arrebentação.
Sentado na prancha, não remou para pegar a primeira onda. O momento era único no dia: o sol o esperava para se despedir em tons alaranjados e o céu, sorrindo com um quarto-crescente, retribuía em anis.
E, na lembrança, um escritório repleto de projetos e uma vontade – única – de sair dali. Bora? Bora?