Um Sertão Promissor
“Jesus abençoou com sua mão divina / Pra não morrer de saudade / Vou voltar pra Petrolina”
Recentemente, numa excursão pelo Sul do país, passo por Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e visito uma fábrica de vinho. Já na quarta degustação, a enóloga nos diz enfaticamente: “Agora vocês vão provar um vinho muito especial porque é de uvas produzidas no Vale do São Francisco”. Na condição de nordestino e sertanejo daquela região, a informação da procedência das uvas tão especiais causou-me certo orgulho, pela constatação de que “meu Nordeste está mudado”, como já dizia Luiz Gonzaga. Agora, vou a Petrolina e, logo na chegada ao aeroporto, vejo a propaganda turística de um passeio de barco pela rota do vinho, passando pela eclusa da barragem de Sobradinho, cujo volume d’água chega a 34 bilhões de metros cúbicos, cerca de quinzes vezes maior do que o da baia de Guanabara. Um verdadeiro mar no sertão. Uma gigantesca obra da engenharia humana, a partir da qual a região progrediu significativamente, fazendo com que Juazeiro e Petrolina se tornassem as duas cidades mais promissoras do Vale do São Francisco. Distantes de suas respectivas capitais, construíram uma estrutura que as fazem independentes econômica e socialmente.
No momento em que o Nordeste sofre com o flagelo da seca, ali desponta como um oásis no sertão, a ponto de tornar-se conhecida como a “Califórnia brasileira”. Uma boa ideia de conhecer parte dos Estados Unidos, sem sair do Brasil.