A JUSTIÇA É JUSTA?
Vivi grande parte da minha vida convicta de que a Justiça, como o próprio nome diz, carregava consigo a bandeira da imparcialidade. Aprendi, desde criança, a olhá-la com respeito e temor. Afinal ela foi instituída para julgar, para decidir, para fazer valer as leis. E uma instituição com esse peso todo tem que ser justa. Portanto, dos órgãos que a representam, pressupõe-se imparcialidade. Se assim não for, não é Justiça.
Acompanhando os fatos que os meios de comunicação escancaram pelo Brasil afora, minhas convicções balançaram. Uma vaga impressão que a Justiça não era rua de mão única persistia em mim. Comecei a vislumbrar dois caminhos paralelos: o de lá e o de cá. E vi, com tristeza, que eu estava do lado de cá. E assim como eu, 99% da população brasileira.
Desiludida, eu me pergunto: onde foram parar os valores que formaram meu caráter? Onde o "todos os homens são iguais perante a lei" que eu aprendi na Escola? Se na prática eu via os descalabros da política brasileira, como continuar a crer que nós, simples mortais, somos iguais aos nossos parlamentares? Se um cidadão comum que rouba premido pelas necessidades orgânicas vai preso e um político se perpetua no cargo, carregando uma história de corrupção? Existem duas faces nessa moeda e eu confesso que minhas convicções foram por terra. Cética e indignada, eu acompanho hoje as fissuras que, a exemplo de uma casa repleta de cupins, estão a abalar as estruturas do único órgão que eu pensava ser ainda o baluarte dos princípios que nortearam a Revolução Francesa.
Então eu pergunto: E agora, José? Queixar-se para quem? Só espero que não mandem eu queixar-me para o Bispo...