Chapéus de enfeite e chapéus de sol

 

 

Na casa da minha avó paterna tinha um lugar chamado ‘o Quarto do Santo’. Logo à entrada víamos sobre uma grande cômoda várias imagens enfileiradas, algumas protegidas por redomas de vidro. Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida, Santo Antonio, São José, São Benedito e não sei mais quantos. Havia também um armário em que ela guardava a ‘roupa branca’ da casa e outro com muitas caixas. Quase sempre grandes e redondas. Ela não gostava que as crianças remexessem em suas coisas, mas de vez em quando cedia à minha curiosidade. Ia comigo até lá e começava a abrir aquelas caixas. Eram todas de chapéus! Alguns simplesinhos, outros mais requintados, com laçarotes, florzinhas e fricotes. Muitos tinham um veuzinho que encobria a testa e parte dos olhos. Eu achava divertidíssimo, pegava um ou outro e experimentava diante do espelho. Todos grandes para mim, mas na cabeça de vovó até que ficavam bem bonitos. Tinha também alguns chapéus de vovô e o mais engraçado deles era uma cartola.

 

Quando vejo fotos antigas noto que até os anos quarenta do século passado, todas as mulheres usavam chapéu como enfeite. Depois só os homens continuaram a usá-lo, até que desapareceu por completo. Os chapéus femininos, diferentes e bem maiores do que aqueles antigos, se restringiram a ocasiões de grande gala como casamentos e corridas no Jóquei. Agora já não se usa mais nem em casamentos. Nossos chapéus, embora continuem a enfeitar, atualmente têm a finalidade de nos proteger do sol. Ou do frio, em outros lugares.



(*) imagem google