Holanda e os turistas

O jornalista começou distorcendo a informação sobre a proibição dos holandeses quanto a comercialização de drogas à estrangeiros. “Vejam que até a Holanda favorável as drogas está tomando a seguinte medida...” Com esta frase de abertura o jornalista limpinho e jactancioso transformou a medida holandesa em algo moralista, bem do modo como estamos tratando a questão da liberdade sobre os vícios. Sou contra o uso indevido das drogas, mas serei sempre favorável ao direito que tendes de usá-las.

A imprensa oculta a verdadeira razão do fato. Nada mais ridículo do que sair de um estado espartano danificado pela desgraça financeira e parar dentro desse quadro de novo lucro de prazer da drogadicção. Para ser questionado por um país sem miséria. Diposto a liberdade de seu povo que consiste em desfrutar dos prazeres mágicos das drogas. Temos na Holanda o homem maduro e aqui o adulto em condições infantis que precisa de cuidados de quem sempre lhe abandonou: o Estado. A questão das drogas no terceiro mundo é desvio da problemática real: corrupção, ruína das riquezas naturais e descalabros que se acumulam para liquidar o sujeito em seu tempo histórico. Assim como o futebol e as jóias da alienação produzidas para não despertar no sentimento real de coletividade os caminhos da solução.

Os holandeses merecem grande respeito. Fumam a melhor maconha, curtem o melhor haxixe e estão certos de que é ridículo aceitar indivíduos de nações que consideram tais hábitos um negócio monstruoso. Os holandeses como os pobres brasileiros devem se perguntar: o que há de errado em favelados venderem um tipo de fumo agradável a quem está na beira da praia?

Como a medicina alerta e ao mesmo tempo chafurda na incompetência coletiva do atendimento a moral insiste em desviar o tema para o seu terreno asséptico.

A imprensa está divulgando aqui no Brasil o fato como se os holandeses estivessem se alinhando ao modo subdesenvolvido de ver as coisas nesse sentido. Partindo da proibição para a luta armada. A proibição de estrangeiros que procuram esse país para consumir um baseado em condições de liberdade é uma elegante resposta aos desvios que se formaram sobre a presença da miséria no fator drogadicção.

Que lutem para viver como homens e não crianças oprimidas pela boçalidade. Esse é o recado holandês omitido ao mundo raso.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 29/04/2012
Reeditado em 05/05/2012
Código do texto: T3639547
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