OPERAÇÃO “ME ENGANA QUE EU GOSTO”
O STF, – Supremo Tribunal Federal – oficializou, no meu entender, mais um absurdo nacional, quando julgou procedente a distribuição de vagas nas universidades pelo regime de cotas.
Não questiono a boa intenção dos magistrados para com a parcela afrodescendente da população brasileira, entretanto criou-se um precedente.
Agora, com base na jurisprudência, qualquer “minoria” poderá arguir o direito de cota para ingresso na universidade que desejar.
Biologicamente falando, a espécie humana não tem raças, tem etnias, porque raça é a evidência de uma determinada característica ou aptidão da espécie animal.
Assim se considerarmos os canídeos, temos raças que se destacam como companheiros, pastores, caçadores, vigias ou no caso dos bovinos temos os que se destacam na produção de leite, de carne, para tração, montaria ou esporte (se é que se pode chamar de esporte a tourada ou a farra do boi), nos galináceos para produção de ovos ou de carne com destaque para os famosos chesters (que ninguém nunca viu um vivo).
Com isso eu quero dizer que foi criada cota para etnia dos afrodescendentes e como a lei é considerada (nem sempre respeitada) igual para todos, teremos que também destinar cotas para os descendentes de europeus, asiáticos, indígenas, americanos do norte, do centro e do sul, da Oceania e para as minorias homossexuais, deficientes, obesos, descamisados, sem terra, sem teto, sem vergonha...
E para quem mais se considerar minoria alijada da sociedade como um todo.
O discurso hipócrita de que as cotas vêm resgatar parte da dívida social que temos para com os afrodescendentes, falece diante da realidade crua de que o governo não está nem um pouco interessado no desenvolvimento intelectual dos excluídos por quaisquer que sejam os motivos da exclusão.
Em vez de criar cotas o governo deveria investir na otimização dos cursos básicos e que as vagas nas universidades públicas fossem preenchidas por análise do histórico escolar completo de alunos oriundos de escolas públicas.
Se assim fosse, se permitiria que uma cota dessas vagas, em torno de 20%, fosse destinada a candidatos egressos de escolas particulares, sob o mesmo critério classificatório.
A popularização dos cursos superiores até agora não criou os cientistas que precisamos.
Ainda estamos importando tecnologia de centros mais avançados porque não criamos centros de excelência em ensino e desenvolvimento intelectual, destinados à produção científica.
O tripé, presença- prova- nota, não garante que o aluno apreenda o conteúdo da grade curricular, principalmente porque com a famigerada promoção automática nos níveis inferiores, o aluno chega à universidade sem entender o que leu e sem saber produzir um texto por mais elementar que seja.
Entrar na universidade com argumento classificatório inferior a quatro, significa que o aluno sabe menos que 40% do conteúdo programático dos primeiro e segundo graus e que é exigido como base para a graduação que ele escolheu ou para a qual foi remanejado.
Infelizmente ele será diplomado porque as universidades precisam apresentar a lista de “formandos” a mais cheia possível, para manter os cursos de graduação e continuar recebendo as verbas do Ministério da Educação.
Permito-me repetir a pergunta que Cícero, o grande tribuno e senador romano, fez a Catilina, pouco antes da revolta dos escravos...
- Quousque tandem Mercadante, abutere pacientiam nostra?
E para os que me lêm:
- Até quando silenciaremos diante desses descalabros?