UM DESCONHECIDO
UM DESCONHECIDO!
Santo André tem, hoje, por volta de setecentos mil habitantes!
Quem, como eu, conheceu esta amada terra, quando ainda uma pequena cidade, com suas ruas sem pavimentação, suas chácaras onde o progresso implantou verdadeira selva de pedras, e agora é zona central, fica chocado por se achar um completo desconhecido.
Diariamente, costumo dar uma volta, a pé, pela Coronel Oliveira Lima, a rua principal, por onde no horário comercial passam milhares de pessoas. É incrível, na maioria das vezes não encontro sequer um conhecido. Quando muito, vez ou outra consigo dar um bom dia, ou boa tarde, a alguém.
Aos domingos, geralmente, almoço em um restaurante. Há uns dois ou três mais antigos, tradicionais. Por incrível que pareça, não vejo uma família para cumprimentar, e bater aquele papo, para reviver a velha amizade. Na Rosa’s Churrascaria, na Churrascaria São João, ambas com perto de cinquenta anos de existência, imensas, você dá aquela olhada geral, e não vê um amigo, ou um conhecido. Acredito que, muitos, provavelmente, são descendentes de famílias antigas, todavia, não conseguimos identificá-los.
O único lugar onde, ainda, podemos ver alguém dos velhos tempos, é nas igrejas, aos domingos, na hora da missa. Ultimamente, tenho assistido na Matriz, a Igreja Rosa, a dominical missa das 10:30h. Ali, ao dar uma passada de olhos geral pelo ambiente, consigo notar as presenças de pessoas da redondeza, pertencentes às antigas famílias de minha época.
Vez ou outra, também, encontro muitos amigos, porém numa situação mais desagradável. Durante o velório de gente conhecida. Nessa hora, a quantidade aumenta muito.
Enfim, esse é o preço que pagamos ao progresso, que promove, não há dúvida, maiores e melhores condições de vida.
Em contrapartida, relega-nos a uma condição de isolamento, por incrível que possa parecer.