Florianópolis, Brasil
26 de abril de 2012
Quarta-feira
QQ hora
Numa certa noite do ano da graça de hum mil novecentos e setenta e nove. Numa sala de aula do Curso de Economia. Primeira aula do primeiro semestre. Quarta fase. O Professor irrompe na sala. Naquele instante o alarido da turma, cheia de caras novas, emudeceu. O agente do processo educacional estava em sala. Longilíneo, óculos de grau, barba rala, terno preto, camisa marrom e sapatos social preto. Professor modelo. Aparência impecável. Boa pinta e parecia saber disto. Largou uma pilha de livros sobre a mesa. Varreu com os olhos a sala de aula e acenou com um aveludado “boa noite”. Suspiros e cochichosos femininos a volta.
Uma verdade. Todo professor necessita acreditar no que diz. Ter convicção de que vai convercer os alunos. Com isto, envolvê-los no processo de ensino aprendisagem.
Verdade incontextável, inexorável, a primeira impressão é a que fica.
Tudo levava a crer ser um professor atualizado. Estavam sobre a mesa seis livros. Deveria estar por dentro de tudo que acontecia no mundo da economia. Que falaria de tantos outros assuntos.
Escreveu seu nome na lousa verde. Retirou uma pilha de papel e distribuiu um pouco nas primeiras fileiras. Tomou da palavra.
- O programa do Semestre letivo é este que está sendo distribuído.
As sabatinas (provas orais) serão sempre ao final de cada tópico. Farei o sorteio pelo númera da chamada.
Uma prova por mês.
O Provão (prova final) marcaremos “a posteriori”
Serão quatro trabalhos escritos. Equipe de cinco alunos. Deverão entregar datilografados.
Haverá uma boa carga de leitura. Para tanto, na última folha do Programa há uma relação de livros e respectivos autores.
Não adoto livro texto, para diversificar a leitura e o conteúdo.
Quanto a disciplina em sala de aula. Não admito conversas paralelas durante a aula. Quem fala aqui sou eu. Quem quizer falar peça um aparte.
Ficou por uns trinta minutos desfiando suas regras e intensões.
Transmitia a impressão daquele professor mau. Arrogante e que acredita saber mais que todos. Aquele professor de alunos que se escabelam de tanto estudar e nunca ancançam a nota máxima. Nove é dela. Dez só Deus.
Enfim, o menu do professor com as receitas havia sido passado. Até aquele momento reinava, na sala, um silêncio sepucral. Um desconforto pairava no ar. Olhares se cruzando. Expressões de interrogação.
Ninguém, até então, tivera a oportunidade de se manifestar contra, a favor ou tirar alguma dúvida.
Por fim, finalizou.
- A palavra será concedida para alguma pergunta sobre o que foi até aqui explanado ou acerca de qualquer outro assunto.
Ôpa! Parecia ser um Porfessor atualizado. Por dentro de tudo que acontece. Pelos menos as aulas poderiam ser regadas por assuntos interessantes e atuais, correlacionados ou não com a matéria.
Um colega ergueu o braço apontando os dedos para o teto.
- Apresente-se e formule a pergunta.
- Meu nome é Silas.
Professor, já ouviu falar de ARTHUR ANTUNES COIMBRA?
- Deve ser um desses novos autores. Mas como a pouco falei não adoto nenhum livro texto e todo autor será bem vindo.Você pode trazer o livro na próxima aula?
- Infelizmente não posso Professor.
-Então faça um fichamento da obra.
- Também não é possível Professor.
- Como não! Todos tem o dever de compalhar com os colegas textos e indicar obras, isto enriquecerá o semestre.
- Tenho ciência disto e também concordo.
- Ora, se está de acordo o que te impede então?
- É que ele não é nenhum autor de livro de economia.
- Não! E sobre que ele escreve.
- Não editou nenhum livro Professor.
- Não! Por quê?
- Porque ele é o ZICO do Flamengo.
(*) Imagem Google
26 de abril de 2012
Quarta-feira
QQ hora
Numa certa noite do ano da graça de hum mil novecentos e setenta e nove. Numa sala de aula do Curso de Economia. Primeira aula do primeiro semestre. Quarta fase. O Professor irrompe na sala. Naquele instante o alarido da turma, cheia de caras novas, emudeceu. O agente do processo educacional estava em sala. Longilíneo, óculos de grau, barba rala, terno preto, camisa marrom e sapatos social preto. Professor modelo. Aparência impecável. Boa pinta e parecia saber disto. Largou uma pilha de livros sobre a mesa. Varreu com os olhos a sala de aula e acenou com um aveludado “boa noite”. Suspiros e cochichosos femininos a volta.
Uma verdade. Todo professor necessita acreditar no que diz. Ter convicção de que vai convercer os alunos. Com isto, envolvê-los no processo de ensino aprendisagem.
Verdade incontextável, inexorável, a primeira impressão é a que fica.
Tudo levava a crer ser um professor atualizado. Estavam sobre a mesa seis livros. Deveria estar por dentro de tudo que acontecia no mundo da economia. Que falaria de tantos outros assuntos.
Escreveu seu nome na lousa verde. Retirou uma pilha de papel e distribuiu um pouco nas primeiras fileiras. Tomou da palavra.
- O programa do Semestre letivo é este que está sendo distribuído.
As sabatinas (provas orais) serão sempre ao final de cada tópico. Farei o sorteio pelo númera da chamada.
Uma prova por mês.
O Provão (prova final) marcaremos “a posteriori”
Serão quatro trabalhos escritos. Equipe de cinco alunos. Deverão entregar datilografados.
Haverá uma boa carga de leitura. Para tanto, na última folha do Programa há uma relação de livros e respectivos autores.
Não adoto livro texto, para diversificar a leitura e o conteúdo.
Quanto a disciplina em sala de aula. Não admito conversas paralelas durante a aula. Quem fala aqui sou eu. Quem quizer falar peça um aparte.
Ficou por uns trinta minutos desfiando suas regras e intensões.
Transmitia a impressão daquele professor mau. Arrogante e que acredita saber mais que todos. Aquele professor de alunos que se escabelam de tanto estudar e nunca ancançam a nota máxima. Nove é dela. Dez só Deus.
Enfim, o menu do professor com as receitas havia sido passado. Até aquele momento reinava, na sala, um silêncio sepucral. Um desconforto pairava no ar. Olhares se cruzando. Expressões de interrogação.
Ninguém, até então, tivera a oportunidade de se manifestar contra, a favor ou tirar alguma dúvida.
Por fim, finalizou.
- A palavra será concedida para alguma pergunta sobre o que foi até aqui explanado ou acerca de qualquer outro assunto.
Ôpa! Parecia ser um Porfessor atualizado. Por dentro de tudo que acontece. Pelos menos as aulas poderiam ser regadas por assuntos interessantes e atuais, correlacionados ou não com a matéria.
Um colega ergueu o braço apontando os dedos para o teto.
- Apresente-se e formule a pergunta.
- Meu nome é Silas.
Professor, já ouviu falar de ARTHUR ANTUNES COIMBRA?
- Deve ser um desses novos autores. Mas como a pouco falei não adoto nenhum livro texto e todo autor será bem vindo.Você pode trazer o livro na próxima aula?
- Infelizmente não posso Professor.
-Então faça um fichamento da obra.
- Também não é possível Professor.
- Como não! Todos tem o dever de compalhar com os colegas textos e indicar obras, isto enriquecerá o semestre.
- Tenho ciência disto e também concordo.
- Ora, se está de acordo o que te impede então?
- É que ele não é nenhum autor de livro de economia.
- Não! E sobre que ele escreve.
- Não editou nenhum livro Professor.
- Não! Por quê?
- Porque ele é o ZICO do Flamengo.
(*) Imagem Google