Pensador, Salvador: o Gabriel
Gabriel, “o pensador”, cobra as palestras que faz para crianças carentes. Cobra 170 mil. Ual! Eu também cobraria. Um milhão se me pagassem. Mas eu não consigo rimar bala com clara, nem bola com escola. Sou um analfabeto funcional. Só sei ler e escrever. Não tenho esse talento todo. Estaria rico se soubesse rimar. Fabrício Carpinejar, outro “pensador!”, não recebeu os 170 mil pela feira do livro de Bento Gonçalves e resolveu esbravejar. Sapateou, e deve até ter raspado uma mensagem raivosa no seu fashion cabelo. Criou-se uma situação incômoda. A gauchada intelectual, que receberia pouco mais de mil reais na feira do livro, reclamou. Fico preocupado com as desigualdades sociais no meio cultural. Os problemas graves no Brasil são estes. Nem mesmo os moradores de rua me preocupam tanto. As palestras de Gabriel, o Pensador, devem mesmo resolver os problemas das crianças, do Brasil, do mundo. Ele garante. Se não mudar é só procurar o PROCON. São milagrosas as suas palavras. Os Estados Unidos não estariam em crise se ele fosse americano. Gabriel, o pensador, se for bem pago, resolverá tudo. A educação está dada e se chama Gabriel. Mas então, como diria o poeta: pagar ou não pagar, eis a questão? Mas Gabriel, o pensador, não gostou da situação. Ficou chateado. A crítica é chata. Oh! Mundo cruel. Fiquei ressentido por ele. Não gostou e se comparou a Michel Teló e a Chico Buarque. Realmente os três são iguais, devem receber a mesma quantia. Gabriel também é Marxista. Que todos no mundo ganhem 170 mil. Fico imaginando Chico cantando ai se eu te pego e rimando joão com feijão. Gabriel, o Pensador, também é o salvador.