CULPA E MEMÓRIA.
Culpa e memória caminham juntas, durante toda a vida...e depois da morte.
A história não registra o mal com aplauso nem a bondade sem elogio.
Ninguém é lembrado a não ser pelo que é e foi. Gandhi com toda carga de indiscutibilidade,dizia, sic: “Eu não tenho mensagem, minha mensagem é minha vida”. E nada mais que isto somos, nossa vida e como foi vivida.
Santo Agostinho configura memória como uma janela da consciência; não há dúvidas.
A mémoria é o espírito, o mais importante compartimento da alma.
Na cultura grega sem ela não se podia conhecer nada. Por isso o mentiroso precisa esconder sua jornada, a memória de sua vida real.A verdade aproxima a vergonha....
Memória é gêmea da alma, nosso interior.
Existe uma poesia órfica que enquadra as almas em seus destinos quando vão na mansão de Hades, a Casa dos Mortos:
”Encontrarás à esquerda da Mansão do Hades, uma fonte,
E a seu lado, um branco cipreste.
Não te aproximas deste manancial.
Mas encontrarás um outro junto à Fonte da Memória,
De onde fluem águas frescas e, diante das quais há guardiões.
Diz-lhes: “Sou um filho da terra e do céu estrelado;
Mas minha raça é do céu (somente). Vós próprio o sabeis.
E – ai de mim! – estou ressequido de sede, e pereço. Dai-me rapidamente
A água fresca que flui da Fonte da Memória”.
Almas não devedoras bebem águas puras, da sagrada fonte da memória, ela mostra o que fomos, almas impuras devem banhar-se no rio Lete afim de se esquecerem de seus “pecados” e iniquidades e poderem reencarnar. Purgarão suas maldades...
A humildade de admitir seu “déficit moral” revela, quando há tempo, o caminho da remissão.
O homem precisa se livrar das pretensões, das paixões pessoais, banhar-se de humildade em sua vasta ignorância. Somente uma alma estável é capaz de perceber a ideia de Deus, mesmo colocada por um agnóstico como Kant ou por Darwin, este o evolucionista mais cristão colocado no centro do planeta, qualificando Deus como o "Supremo Arquiteto."
Para esta elevação do espírito é necessário autoconhecimento, e mais importante, se aceitar como Deus nos criou, com nossos dons e limites.