Padre Humberto Leeb

O pássaro de vida e luz

Quem não conhece a obra do Padre Humberto Leeb é como se estivesse fora do mundo, da realidade social, especialmente da sua ação em favor do Estado de Sergipe. O missionário austríaco, da Ordem dos Oblatos de São Francisco de Sales, aqui chegou assim como se fosse um passarinho em busca de material para construir seu ninho.

Essa construção teve início e seguiu de forma bem sucedida e, ao que se pode constatar, abençoada. Antes que qualquer livro ou pesquisa o diga, a obra do Padre Leeb também se tornou um pássaro de canto suave e contínuo na boca do povo, dos pobres que ele abraçou e abrigou. Essa cantiga se faz ouvir por todas as plagas de Sergipe. Foram muitas as composições de amor dedicadas pelo missionário cristão aos excluídos da sociedade.

O padre não poupou esforços, não perdeu tempo e não discutiu o indiscutível. Ele simplesmente fez. E o que fez? O que ele fez se vê, se toca e se pode verificar nos frutos que de sua obra brotaram. As suas realizações têm todo o sabor e verdade contidos em suas palavras: “Procurei Deus e Ele se escondeu. Procurei minha alma e não a encontrei. Procurei meu irmão e encontrei os três”.

A cruz que elevou em Porto do Mato, na cidade de Estância, em Sergipe, é um símbolo de ressurreição. O trabalho que ali realizou foi como se pagasse uma dívida com o passado histórico da colonização. Em seu fazer, o Padre Leeb pediu desculpas por todos os devedores sociais, por todas as mazelas deixadas na pele de um povo descendente de escravos e de indígenas.

Aquele povo sentia fome e sede que lhe humilhava o aspecto físico; sentia fome e sede de uma vida digna; sentia fome e sede de Deus no coração. Então, foi aquele o pássaro destinado a aplacar essas fomes e essas sedes, a seguir construindo aquele ninho acolhedor e protetor, de luz e de vida.

Aquelas pessoas humildes mal podiam imaginar de onde viera aquele pássaro iluminado e de onde emanava o seu poder de persuasão, de motivação, de construção e de transformação. Foram aprendendo aos poucos, liam, escreviam, pensavam. Enfim podiam matar as fomes e as sedes de tantas décadas. Afeiçoaram-se ao padre e com ele foram compartilhando carinho, amor e trabalho.

A esperança de Deus naquele Seu missionário concretizava-se em sempre mais e mais atividades voltadas para a educação, para a inclusão e bem estar social. Era mesmo um sonho se realizando sob os céus de Porto do Mato. A profusão de depoimentos em torno do trabalho do austríaco está registrada na obra da pesquisadora Geovana de Oliveira Lima, A força da fé: Padre Leeb, uma vida que faz história.

Foi um luta desesperada contra as dificuldades encontradas durante os voos que fez para construir um ninho de solidariedade, de cidadania, de bem estar e de inclusão social, mas o Padre Leeb não se intimidou e seguiu vitorioso em todas as etapas de sua vida de trabalho e dedicação irrestrita ao povo que abraçou e amou. Quando olhou o resultado do que vinha construindo, o padre viu que seus filhos naquela terra já haviam adquirido autonomia e poderiam agora continuar aquele trabalho e até alçar voos para ampliarem o canteiro da construção de novos ninhos solidários.

Veio o momento de o pássaro retornar para paisagens distantes. O Padre Humberto Leeb voltava com seus filhos e sua história gravados nas retinas. Aqui, no Estado de Sergipe, e se espalhando por outros espaços brasileiros, segue a cantiga dos anjos que esse maestro da fé cristã ensinou a cantar.

Observação: a Professora Doutora, Geovana de Oliveira Lima foi minha contemporânea na universidade. // Este texto será vertido para a língua alemã e publicado em livro, o que ocorrerá na terra natal do Padre Leeb.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 25/04/2012
Reeditado em 25/04/2012
Código do texto: T3632641
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