Felicidade?
A frustração é querer alguém forçosamente. Querer alguém, em si, pode não ser algo ruim, desde que seja vivido de forma intensa mas ao mesmo tempo com o pé no chão. Como a lei do desejo, solicita sempre uma vontade desmesurada, então, dificilmente conseguimos contornar nosso interesse. Quem quer, sempre quer. Exemplo disso: as mulheres! Sempre estão querendo! Elas portam verdadeiramente o desejo. Elas, não tem outra opção: a não ser querer! Sofrem por isso, e não desistem!
O problema é o querer se tornar algo obsessivo. Se torna algo que não podemos abrir mão. Aí, haverá uma frustração. Aí, quem quer, quer de 'qualquer jeito'; não serve. Só serve, quando há renúncia; quando há perda. O Vasco ganhou do Flamengo no final de semana. Por que a torcida vascaína ficou feliz? Não foi por ter simplesmente ganhado o jogo. Foi, porque os vascaínos começaram perdendo. E, no final, ganharam. O verdadeiro prazer, sempre advém de uma renúncia inicial; sempre, provém de uma perda.
Acreditar que se vai achar a mulher perfeita, ou a alma gêmea, já é, em si uma tentativa de tampar o buraco. O buraco que temos dentro do peito, e que seja homem ou mulher, vai sofrer. Quem não sofre por amor, não vive!
Existem afoitos, religiosos, ou os 'normais' que não sofrem disso. Já estão 'completos'; estão casados! E aí, não precisam mais sofrer. Já acharam sua tampa da panela. Essa ilusão acomete a grande maioria. As mulheres nunca estão plenamente satisfeitas, pois o desejo de 'achar o verdadeiro homem', nunca deixa de existir. E aí, percebemos que não existe satisfação plena, pois o desejo não se realiza; 'não existe completude'!, conforme já foi dito por Freud.
Amar é viver uma renúncia permanente. Amar, é viver uma tristeza, que não acaba. E é justamente, porque dentro do peito mora uma 'morte', que se pode dizer, que se é feliz! Felicidade é uma mentira, que acreditamos. A alegria infantil do Facebook, ou da quantidade infinita de infantilidades produzidas no mundo virtual; ou na TV, ou na vontade agressiva e frouxa de viver sempre alegre é o sintoma de que estamos perdidos. A perdição de estarmos longe da verdadeira felicidade: a 'realidade'.
Acordar cedo, pagar as contas, ganhar dinheiro, comprar coisas – essa é a lei do desejo – é nela que reside a satisfação. Renunciar a alma gêmea, é o começo do que é necessário. É morrer por dentro, pra dá vida lá fora. A liberdade existe quando há renúncia; é livre quem pode saber que não vai achar 'a pessoa perfeita'; se estampa na cara, um sorriso alegre, quando se tem no peito uma tristeza permanente. Gostaria eu de mudar esse destino: mas assim operamos.