TERIA RAZÃO O LEOPOLD?
Afirma Leopold Von Ranke (1795/1886), que os tempos felizes da humanidade são as folhas em branco no livro da História.
Teria razão o Leopold? Ou as coisas funcionam como imagina o escritor austríaco J.M. Simmel: anteontem passamos maus pedaços, ontem estivemos bem, hoje começamos a passar menos maravilhosamente bem. Mas, sem dúvida, tudo em breve estará em ordem de novo. O que lembra a história explicada por Kurt Tucholsky, que em 1930, escreveu o seguinte: O círculo da natureza: Meu pai tem um primo, cujo tio costumava dizer: Meu querido filho, neste mundo existem os vermes. Estes são comidos pelos sapos e os sapos pelas cegonhas. As cegonhas trazem as crianças e as crianças têm vermes. Assim se fecha o círculo da natureza.
Sem digressão a gente chega em Jorge Luiz Borges que aponta “ O Mundo Como Vontade e Representação” do filósofo alemão Schopenhauer (1788/1860), como o melhor mapa do Universo, onde no capítulo destinado a confirmação de que viver é sofrer nos deparamos com uma comunhão de pensamentos entre Leopold e Schopenhauer. Diz este último: “ Agora que nos convencemos, de certo modo, a priori por meio das considerações mais gerais, como o estudo dos primeiros caracteres elementares da vida humana, de que esta, pelo próprio conjunto da sua disposição, é bem incapaz de encontrar a verdadeira felicidade e de que, por sua essência, não é senão sofrimento sob mil formas diversas, e estado absoluto da infelicidade, podemos, de igual, bem mais vivamente acordar em nós esta mesma convicção a posteriori, se, tomando em exame fatos reais, apresentarmos à mente os quadros ou os exemplos de desgraça sem nome que nos oferecem a experiência e a história, para onde quer que deitemos o olhar e dirijamos nossas pesquisas”.
Acrescenta ainda o filósofo: “ aonde, pois, Dante colheu o material para o seu Inferno senão em nosso mundo real? E fez, entretanto, um Inferno em perfeita regra! E quando quis, ao contrário, descrever o Paraíso e as suas bem-aventuranças encontrou dificuldades insuplantáveis para coisa alguma de semelhante. Não lhe restou, portanto, outro expediente, além de descrever-nos, em lugar das alegrias do Paraíso, os ensinamentos que recebeu dos ancestrais de sua Beatriz e de vários santos. Isto demonstrou bastante que espécie de mundo é o nosso”.
Sei não... Sei não... Mas eu sou mais J.M. Simmel, o amanhã será melhor.