Silêncio

Um silêncio pode dizer muito. Responde bastante coisa. Dá a liberdade para se chegar à conclusão que qualquer cabeça paranoica quiser. Não é como as barulhentas balbúrdias produzidas por bocas surdas, que obrigam os ouvidos alheios a se submeterem à incômoda poluição sonora.

Às vezes, o silêncio é “sim”. Quando “quem cala consente”. Mas muitas outras vezes, o silêncio é “não”. Quando perguntamos e não ouvimos nada. Pode ser porque a resposta já estava ali diante de nós, e sempre esteve, silenciosamente. O silêncio ininterrupto ensurdece e ensandece. Alucina, ludibria. Por permitir qualquer pensamento, produz um círculo vicioso de esclarecimento tendencioso e confusão evidente.

Xiiiiu, silêncio! Já é tarde. Pense o que quiser. Pergunte o que desejar. E sua imaginação seguramente será capaz de lhe responder da forma mais convenientemente desconcertante.

(Catalão, 23/04/2012)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 23/04/2012
Código do texto: T3629807
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.