PAÇO IMPERIAL UM PASSEIO NA HISTÓRIA

Nesse mês de abril tem algumas exposições encantadoras, entrei lá por acaso, queria passar o tempo entre uma consulta médica e uma peça de teatro.

Aquela carroagem francesa na entrada já nos remete para um passado curioso, quem será que sentou-se naquele banco? O que pensava o cocheiro? Como eram os cavalos? Ou será que era um só? Incrível! Haviam dois lugares para as velas de cera, como será que se mantinham acesas com a carroagem em movimento?

Ao entrar olhamos aquelas paredes, aquele chão, por mais que tenham um toque moderno o passado está gritando sua presença, sua dor, seu encantamento. É o mesmo que viajar no tempo, por alguns instantes nos vemos personagem de uma história que aconteceu e ainda está acontecendo. Hoje em tempos de paz e liberdade, entramos em uma sala onde teve o ponto final, tardiamente, a escravidão, olhamos para a janela e imaginamos a alegria dos nosso irmãos negros que finalmente se viram livres da maior covardia que um ser pode causar a outro.

Mudamos de sala e imaginamos o rei todo poderoso recebendo seus súditos para beijar sua mão e fazer pedidos. Onde será que ficava o trono? Por onde as pessoas entravam? Como era o cheiro no passado? Certamente não eras dos melhores visto que tudo era precário e não havia grande higiene.

Olhando com atenção vemos o que restou da chaminé da primeira casa da moeda do Brasil, era ali que se cunhavam as moedas de ouro. Toda nossa história financeira nasceu ali. Porque naquela época só o rei podia cunhar as moedas, que eram importantes para virarem impostos para Portugal continuar com seus gastos.

Na outra sala encontramos um ato de insubordinação real, a sala do FICO, Ato esse que deu origem a Independência do Brasil.

Agora de volta ao presente, fiquei extasiada com uma exposição sobre o lúdico e o erótico. A principio parece maluquice, tem um curta apresentando uma dentista que anda com a cabeça cobertas com um chapéu de brinquedos de pelúcia, mas é um chapéu que cobre todo o rosto dela, deixando de fora apenas sua boca. O curta relata seu dia inteiro o acordar, seu trabalho como dentista no Centro do Rio, o encontro com o namorado e termina com os dois na cama, ela nunca retira aquela coisa da cabeça. Quando olhei a sala dos brinquedos, fiquei com vontade de entrar, mas como? Tinha brinquedos de pelúcia do chão ao teto, foi então que li do que se tratava e o pedido para retirar os sapatos e andar com cuidado para não danificar os brinquedos, eram muitos cones de vários tamanhos, algumas bolas, e tinha uns com um arame que dava uma certa consistência, algo que realmente mexe com a líbido, dá vontade de tocar, acariciar, deitar e rolar naquela macies libidinosa. Ai me perguntei, como um artista pode imaginar e realizar algo assim? MARAVILHOSO!!!! E estava eu lá sozinha no meio de uma obra incrível daquelas, onde estão as pessoas do Rio?

Em uma outra sala encontrei outra exposição mais inovadora ainda, eram objetos cobertos por uma especie de papel picado, que de longe dava um efeito muito legal de fantasia e sonho, tinha uma bicicleta inteira coberta de papel picado, cada parte de uma cor. Uma cama, mesas com cadeiras, quadros, malas e muitos outros objetos que de longe são lindo de se ver, chegando bem perto que veio a surpresa, aqueles papeis eram dinheiro picado, nosso real. FANTÁSTICO!!! Em uma outra sala uma artista expõe suas telas confeccionadas com tiras de livros recortados linha a linha formando assim vários desenhos, também muito legal!

TUDO ISSO DE GRAÇA! Mas nas muitas horas que estive lá dentro não vi um grupo de aluno, porque? Se ali é o lugar perfeito para as crianças das escolas públicas terem aula de história do Brasil? Duvido se não iam aprender, questionar, saborear o cenário vivo. Mas será que interessa realmente que nossos alunos realmente aprendam? Pela frequência já sabem a resposta.

Para completar o passeio tem umas telas enormes que contam toda a história com toque de mão na tela, super moderno e com uma linguagem de fácil entendimento. QUERO PARABENIZAR AOS ORGANIZADORES DESSE LUGAR, QUE ESTÁ UM ENCANTO!!!

Espero que tenha despertado o desejo de quem ler esse texto para uma visita ao Paço, que está lá na Praça XV de portas abertas e com guardas muito simpáticos.

Há já ia me esquecendo tem também uma exposição no terrio, dos escombros da UFRJ, É algo muito doido ficar admirando pedaço de tijolo, saco de pedras... Não entendi bem o proposito, mas é interessante como algo sem o menor valor em um lugar diferente com uma luz e um pouco de plástico pode virar objeto de arte...