RATOEIRA
"Não despreze a masturbação
- é fazer sexo com a pessoa que você mais ama"
Woody Allen
Por conta da solidão os manicômios, hospitais e cemitérios
Estão cheios de gente desiludidas
O suicídio é arte de quem não sabe amar
Por isso larguei o amor, ansioso para abraçá-lo
A certeza da morte aflige, mas minhas mãos não não tirarão a minha vida de mim
Afinal,
O amor é um mágico de cartola preta
Que deixa nossa ilusão demente
Seu truque não revela nunca
E nossa esperança fica carente
O amor é um rápido passe de mágica
Não sabemos o porquê nem pra quê
A não ser ferrar nossa saudade
A não ser fazer a vida, trágica
Não foi a toa que dei as costas para o afeto de quem não merece tê-lo
Preferi ter a certeza com certeza
Que ninguém me matará de saudades
Ninguém
Preferi ter a certeza que o ciúme nunca vai me esfaquear
Preferi a certeza do abraço
Detesto a solidão,
E o que me resta a não ser a cadeira de balanço...?
A verdade da solidão não é morrer louco e abandonado;
A verdade da solidão é a coragem de suicidar sua carência
Por culpa de nossa carência aceitamos idiotas
Invadindo nossa vida... Não é culpa nossa!
Ninguém se atura
Mas é injusto afogar alguém em ti...
Enfim, o amor é está mais próximo das injustiças
Ora, amar alguém já é assassinar a caramentade do amor próprio
Alguém tem que perder, alguém tem que sofrer, alguém tem que chorar
embora seja quem perdeu o seu amor ou o amor da sua amada
Paixão espalha doenças, pois, covardes
Andam abrigando-a no lixo do afeto
A carência é a ratoeira do amor
Pois,
O amor é uma ratazana:
Ultimamente anda pelos esgotos
Ora,
Enquanto a carência é uma rapariga que se vende pelo afeto
De um babaca qualquer
A solidão é uma donzela: se for descabaçada, perde a estribeira,
E a liberdade de voar sozinha sem gaiola nenhuma
Preferi o amor não com medo de sofrer... Jamais!
Mas por coragem de rejeitar quem tem medo de amar
Por coragem de expulsar a carência alheia
Preferi a solidão porque em meu velório
Quero estar sozinho com as velas
E quero ver por mim, chorar só as lágrimas das flores
Que em velórios são de plástico
- tão falsas quanto às pessoas que dizem te amar –
Tão falsas quanto muitas pessoas que irão
Segurar as alças de teu caixão
Eu não preferi a solidão, nem o amor
Apenas escolhi não ser apunhalado pela carência
Apenas escolhi não ser enforcado pela loucura