NO CANTO

E me retraio e me escondo e vou pro canto de mim mesma. E naquele encontro de duas paredes me agacho e espero o tempo dizer a hora certa de agir. Ou de continuar agachada. Procurar coragem não chega a ser problema. Só que estou cansada e sentindo o peso das tentativas fracassadas. De muito pouco adiantou ter coragem e não fazer a abordagem correta. De quase nada adiantou ter coragem e estar pronta, mas sozinha nas diversas tentativas. E é fato que não estou pronta para ser sozinha, para seguir sozinha. Não ainda. Sua falta ontem me doeu e eu achava que não doeria mais. Mas doeu. Queria ser liberta de você e do que me une a você, mas descubro da pior forma possível que prossigo dependente. Ainda espero pelas suas iniciativas e por diversas vezes me pego desejando que suma de vez e me liberte, na vã tentativa de levantar, sair do canto e caminhar em busca de um atalho que me leve de volta à vida. Mas também desejo que permaneça, que me procure, que volte. E me retraio e me escondo e volto pro canto de mim mesma.