21 de abril (para quem tem cérebro)
21 de abril: isso me lembra um tempo romântico, quando a escola tentava nos ensinar valores (Tiradentes era heroi e Joaquim Silvério dos Reis, o traidor).
Penso hoje no mal que essa história nos causou. Ao saber que o prêmio destinado aos bons é a forca e o esquartejamento, as crianças - que não são bobas - acharam melhor não arriscar. Assim que cresceram um pouco, algumas delas entraram para a política com a certeza de que deveriam enfrentar suas lutas, mas atentas para nunca perder a cabeça: se queriam uma carreira promissora, ganhariam muito mais sendo entreguistas e oportunistas. Nascia ali a geração de traidores.
Ah! mas essa geração não estava de todo errada. Afinal, Tiradentes também pertencera à classe dominadora, usufruindo até onde pode de benesses da coroa. Ele um dia quis mais do que estavam dispostos a dar e então negaram-lhe o que pedia. Insatisfeito - porque jurava estar bem intencionado -, recolheu-se às Minas Gerais disposto a tomar do reino aquela província. Não lutava por todos; lutava apenas pela sua turma, pelos seus mineiros... e nem era por todos os mineiros, já que pregava autonomia para os homens, porém era contra a autonomia das mulheres (que, no seu ponto de vista, deveriam continuar sendo "propriedade" dos homens).
Depois de Tiradentes, no dia 21, vem a história do Descobrimento, no dia 22.
É, se desconsiderarmos o ano e observarmos apenas o dia do mês, realmente poderemos concluir que foi preciso o acontecimento de 21 de abril para, finalmente, no dia seguinte, em 22 de abril, descobrirmos e desnudarmos o Brasil!
São Paulo, 21 de abril de 2012 - 11h42