BELA AOS 52
Mais fácil é saber que uma sequência de números indica o procurado endereço do que aventurá-lo em nomes de ruas. Assim foram traçadas as quadras e superquadras de Brasília, em formatos iguais nas asas sul e norte. Quem estiver na Avenida W/3 perceberá de um lado o SHIGS onde as casas ocupam a área das 700 e o comércio as 500. Nessa ordem, então, quem estiver na SQS 308 saberá que ao lado dela situa-se a 108 e, no lado oposto, após o eixo, as 200 e 400, que se avizinham com a Avenida L2 onde se encontram as 600. Esta praticidade descarta a memorização de nomes, não permitidos a monumentos, logradouros ou qualquer via pública na capital do país. Uma exceção ocorre na SQS 108 onde a Rua da Igrejinha assim ficou conhecida pelo templo que ali existe. Na mesma quadra a Escola Parque, famosa quando o ensino e as escolas públicas tinham prestígio, mas nem por isso os políticos batizaram-nas com seus nomes. Cada instituição de ensino possui um número que é o mesmo da quadra que a identifica. Outra exceção: o Colégio Elefante Branco, que, por sua dimensão e cor, recebeu tal denominação. Do acervo de ex-alunos daquele colégio constam nomes que se avultaram na expressão nacional. E era tão especial o corpo docente daquele estabelecimento de ensino, que alguns integraram a equipe de fundadores da UnB.
Brasília predestinou-se ao inesperado, a sucessivos episódios. Os que nela não acreditavam provocaram-lhe o aborto. Logo após haver nascido deram-lhe um golpe. Tentaram mudar-lhe o destino, cercearam-na e dela fizeram refém. Mas ela sobreviveu aos 25 anos de ditadura. Manteve-se íntegra na leveza dos seus traços, na sólida e imponente arquitetura, na inabalável ternura de arejados dias de céu azul e dourado sol sobre suas asas permanentemente abertas a todos. Quem a fez “ilha da fantasia”, dela filho não é. Nem do Brasil é digno. São esses que vêm e lhe apodrecem o espaço que ocupam, nocivos que são à cidade e à Nação.
Decerto que Brasília cresceu e com ela os problemas. Já não é a Brasília de quando eu nasci; moça, ingenuamente atraente, irresistivelmente bela e ainda menstruando. Agora, aos 52 anos a bela mulher sangra o crime, assustam-lhe os assaltos relâmpagos, respira maconha, cheira crack, sofre as penalidades do trânsito, vê-se vitimada pela corrupção.
Contudo, a Brasília minha, nossa e de todos, não é o território do Congresso, não é a amplitude da Esplanada, a altivez do Judiciário, a pujança do Alvorada, não são as tramoias do Buriti.
Brasília é o democrático distrito de todos; o templo de todos os credos, a síntese de todas as tendências, o palco da mais plena liberdade; a mais bela, concreta e projetada esperança.
21 de abril de 2012
Ouça
http://www.youtube.com/watch?v=PdgB-xhGXSk (Hino Oficial)
http://www.youtube.com/watch?v=U1rJ2X16u3s (Hino Popular).
Imagens de Brasília
http://www.youtube.com/watch?v=iMHqFeLyuNk&feature=relate
Mais fácil é saber que uma sequência de números indica o procurado endereço do que aventurá-lo em nomes de ruas. Assim foram traçadas as quadras e superquadras de Brasília, em formatos iguais nas asas sul e norte. Quem estiver na Avenida W/3 perceberá de um lado o SHIGS onde as casas ocupam a área das 700 e o comércio as 500. Nessa ordem, então, quem estiver na SQS 308 saberá que ao lado dela situa-se a 108 e, no lado oposto, após o eixo, as 200 e 400, que se avizinham com a Avenida L2 onde se encontram as 600. Esta praticidade descarta a memorização de nomes, não permitidos a monumentos, logradouros ou qualquer via pública na capital do país. Uma exceção ocorre na SQS 108 onde a Rua da Igrejinha assim ficou conhecida pelo templo que ali existe. Na mesma quadra a Escola Parque, famosa quando o ensino e as escolas públicas tinham prestígio, mas nem por isso os políticos batizaram-nas com seus nomes. Cada instituição de ensino possui um número que é o mesmo da quadra que a identifica. Outra exceção: o Colégio Elefante Branco, que, por sua dimensão e cor, recebeu tal denominação. Do acervo de ex-alunos daquele colégio constam nomes que se avultaram na expressão nacional. E era tão especial o corpo docente daquele estabelecimento de ensino, que alguns integraram a equipe de fundadores da UnB.
Brasília predestinou-se ao inesperado, a sucessivos episódios. Os que nela não acreditavam provocaram-lhe o aborto. Logo após haver nascido deram-lhe um golpe. Tentaram mudar-lhe o destino, cercearam-na e dela fizeram refém. Mas ela sobreviveu aos 25 anos de ditadura. Manteve-se íntegra na leveza dos seus traços, na sólida e imponente arquitetura, na inabalável ternura de arejados dias de céu azul e dourado sol sobre suas asas permanentemente abertas a todos. Quem a fez “ilha da fantasia”, dela filho não é. Nem do Brasil é digno. São esses que vêm e lhe apodrecem o espaço que ocupam, nocivos que são à cidade e à Nação.
Decerto que Brasília cresceu e com ela os problemas. Já não é a Brasília de quando eu nasci; moça, ingenuamente atraente, irresistivelmente bela e ainda menstruando. Agora, aos 52 anos a bela mulher sangra o crime, assustam-lhe os assaltos relâmpagos, respira maconha, cheira crack, sofre as penalidades do trânsito, vê-se vitimada pela corrupção.
Contudo, a Brasília minha, nossa e de todos, não é o território do Congresso, não é a amplitude da Esplanada, a altivez do Judiciário, a pujança do Alvorada, não são as tramoias do Buriti.
Brasília é o democrático distrito de todos; o templo de todos os credos, a síntese de todas as tendências, o palco da mais plena liberdade; a mais bela, concreta e projetada esperança.
21 de abril de 2012
Ouça
http://www.youtube.com/watch?v=PdgB-xhGXSk (Hino Oficial)
http://www.youtube.com/watch?v=U1rJ2X16u3s (Hino Popular).
Imagens de Brasília
http://www.youtube.com/watch?v=iMHqFeLyuNk&feature=relate