Gaiola interna
Ali existe um pássaro cativo que sombreia meus passos de liberdade.
Uma vida em sonho que pulsa,
um voo livre que deseja o infinito do ser,
mas caminha nas madrugadas sem direção,
embriaga-se no sereno ,
caminha pela calçada molhada rumo a qualquer devaneio.
Um pássaro sem direção,
sem emoção,
que vive a vida,
sem sair do lugar.
Mais adiante,
esvoaçando-se em penas coloridas e ansiosas,
um pássaro livre,
contemplador dos céus,
amante das nuvens,
fiel ao ar que margeia os movimentos magistrais de suas asas,
este observa o cativo do alto de sua magnitude ancestral...
como pode prender-se a si mesmo,
se voar no tempo,
se viver a vida,
se cantar o canto,
se apagar o pranto,
pode ser fonte de vida que pulsa
no balanço do rio,
na onda do mar,
no beijo a dar,
no amor que certamente virá !
Dentro de mim,
dois pássaros conflitantes...