Frescura de Madame
 
 
 
Nos dias em que a diarista está aqui e lava a louça, olho o escorredor e tenho arrepios. Parece que a qualquer momento aquela montanha de pratos, copos, pires, panelas, xicrinhas e potinhos vai desmoronar. O escorredor de talheres, então, é um perigo com pontas de facas e garfos voltadas para cima, prontas pra espetar a mão de quem vai recolhê-los. O que já me aconteceu, não doeu tanto, mas sangrou muito. Nem ouso falar nada, ela vai pensar que sou neurótica ou então que é frescura de madame. Posso assegura-lhes que não é nem uma coisa nem outra. Apenas porque gosto de simplificar meu trabalho e por isso ‘inventei’ um método, tanto para lavar a louça como para secar. E isto aconteceu por acaso, pensando na gramática. Se eu ensino aos alunos a classificação das palavras, por que não classificar louça e talheres?... Ponho no escorredor tudo agrupado: pratos grandes, de sobremesa, pires. No andar de baixo de um lado os copos e do outro as xícaras. Panelas e potinhos ficam de fora. No escorredor de talheres de quatro divisões, cada ‘grupo’ tem a sua: facas, garfos, colheres e colherinhas. Deixo secando enquanto faço outras coisas e na hora de guardar fica tudo muito mais fácil.
 
O caso de deixar facas e garfos virados para baixo ocorreu-me quando as crianças eram pequenas, época em que temos sempre em mente evitar todo e qualquer acidente doméstico. 




(*) A 'montanha' do escorredor daqui de casa fica bem mais alta que esta da imagem...




(*)  imagem: google.