Pequena esperança na humanidade

Cristão, mas sei que nem sempre fazemos aquilo que convém. Por um simples motivo: estamos mais preocupados em receber uma bênção do que em ser uma. Mas eu caminhava de manhã cedo, e o sol já estava quente, ardido. Estava indo ao trabalho e me preparava para atravessar uma rua. Ouço então uma buzina. Olho para o lado e vejo dentro do carro um homem que trabalhava numa lanchonete no mesmo prédio que eu - estive lá pela última vez há uns dois anos, sem nunca ter trocado palavra com ele. Mas ele me reconheceu, imaginou que eu também estava indo para lá, e me ofereceu carona - aquele desconhecido.

Entrei no carro e com naturalidade começamos a conversar, como se já tivéssemos feito isso alguma vez. Falamos do tempo em Brasília, e das águas de março que não vinham. Por esse caminho, fomos parar nas mudanças climáticas, e concordamos que os descrentes precisam rever seus conceitos. Ele lembrou de algum episódio recente na Síria, ou em outro lugar quente pra burro, onde simplesmente nevou. E nisso gastamos os cinco minutos que levamos até chegar ao nosso prédio, quando então me despedi daquele pequeno homem que, ainda em nossos dias, é capaz de ajudar pessoas que não conhece.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 20/04/2012
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