ACIMA DA MALDADE HUMANA
Em cada passo que dei, perdi um pouco de mim!
À medida que caminhei, salpiquei a estrada com as minhas lágrimas, com o meu suor e - por que não dizer? - com o meu sangue!
Trazia tantos planos na mente... taxaram-me de demente!
Trazia tanto amor no coração... taxaram-me como digno de compaixão!
Trazia tanto vigor no corpo... tiraram-no de mim, pouco a pouco!
Mesmo assim, não me dei por vencido e nem por convencido! A maldade humana não pode prosseguir destruindo planos, desejos, vidas...
Tentaram tirar-me até mesmo os sonhos! Ah! Estes, eu os protegi no mais profundo de mim, na minha essência, na leveza transparente da tênue camada de minh'alma, por saber que o ser humano não se dá à preocupação de efetuar mergulhos na essência de si mesmo e, muito menos, na essência alheia; assim sendo, veio-me a certeza de que ali, os meus sonhos estariam a salvo.
Em cada passo que dei, perdi um pouco de mim!
Sim... eu me perdi de mim mesmo, na eterna busca de não ser o que sou; na ânsia infinita de ser o que não sou.
Hoje, culpo o espelho, pela imagem distorcida! Pobre espelho... reflexo real de tudo o que sou, porém, não aceito. Não me aceito, porque não consigo identificar com nitidez se sou eu ou se é a sociedade, quem habita dentro de mim. Meus princípios tenta derrubar - inutilmente - a sociedade; a sociedade derruba - lentamente - os meus princípios! Meu Deus! Que será de mim?
Em cada passo que dou, perco um pouco de mim!
Ah! Conservo íntegros os meus sonhos... e os meus sonhos são a minha porção mais sublime, mais pueril, mais cândida... E é nos meus sonhos que eu quero morar! Os meus sonhos dar-me-ão asas... e eu voarei acima da maldade humana...
Lá, ninguém me tocará!
Alexandre Brito - 20/04/2012
(*) Imagem: Google