Aprendendo a dirigir
 
 

 
Éramos crianças ainda, lembro que meu irmão (acima de mim) já gostava de mexer no carro. Sabia dar partida e às vezes assistido por papai, movia o automóvel pra frente e pra trás dentro do quintal. Eu só comecei a me interessar lá pelos dezessete anos e era mamãe quem me orientava, saindo para dar umas voltinhas comigo perto de casa, no Aero Willys, em geral aos sábados à tarde. Mas logo ela se impacientava e antes que aquilo virasse motivo de briga entre nós, resolvi procurar outro instrutor. O irmão mais velho nem pensar, aí sim é que sairiam brigas homéricas. Um primo, então, se propôs a me ensinar. Íamos para o Alto de Pinheiros, naquela época local pouco habitado, eu pegava a direção e fazia mil barbeiragens. O câmbio era uma alavanquinha presa junto ao volante. Para virar nas esquinas tinha que sinalizar com o braço para fora da janela. Se fosse para a esquerda, esticava o braço. Se fosse para a direita, dobrava o braço por cima da capota. Não havia setas nem espelhinho retrovisor do lado de fora. Olhava-se para trás virando o pescoço. Ao sair e no momento de estacionar, também punha-se o braço para fora, ao lado da porta, com a mão voltada para o chão. E no dia do exame se alguém se esquecesse de qualquer um desses movimentos, era reprovado! Mesmo que tivesse feito a baliza direitinho.
 
Depois de me familiarizar com a embreagem, troca de marchas e toda aquela ginástica, passei a praticar a prova de ladeira. Que horror! Nada pior do que aquilo. Nem mesmo imaginar como seria guiar no meio do trânsito das avenidas paulistanas. Finalmente essa última etapa foi mais fácil do que eu pensava. Entrei numa auto-escola e dentro daquele fusquinha chamativo fui perdendo o medo e aprendi.




(*) imagem google: Aero Willys