MEU PRESENTE
A preocupação com o futuro diminui, viver vai tornando-se um fardo leve, o canto do pássaro logo cedo faz mais sentido e a lua já não parece tão inatingível. É mais penoso pensar no que já foi, que pensar no que há de ser. Depois de anos é que se percebe que um erro pode ser perdoado, mas jamais apagado. Ele acompanha cada momento vivido e cada instante a ser perdurado. E essa é a pior dor do envelhecimento pois não há remédio que amenize.
A sensação é de ser um bicho que deixa rastros por onde passa. Mesmo que o tempo apague a trilha, outros já estão em seu encalço antes disso. É assim a dor da culpa. É assim a sensação de continuar rastejando, deixando marcas, chamando a atenção por mais silêncio que se faça. Muitos te espreitam, atentos. Nunca haverá silêncio suficiente em viver. Ou existir.
Assim acontece com o passar dos anos... E você se depara em um momento da vida em que existem mais ontens que amanhãs.