Vaga análise sobre o nada...
Pois eu me refiro a uma criança, daquela que não morou nas ruas... Daquela que nunca passou fome, nem frio... Daquela que foi à escola, teve um lar e foi cuidada por alguém...
É disso que falo.
E também do frio que não se passou, da fome que não se sentiu, das tantas pessoas ao redor, das festas coletivas, das presenças em aniversários alheios, e das letras que chegaram, bem antes de tudo...É dessa criança que falo. A que teve tudo. E tanto. E todos. E, na verdade, nunca teve nada, nem ninguém...E aí esse desconforto de não fazer parte. Não pertencer a mundo nenhum. E a falta de ter a quem culpar, nem homenagear.
Um elefante rosa com uma flor nas mãos, no meio do trânsito...
É disso que falo. Mas falo pra dentro. Porque pra fora, não há letras que possam exprimir. Estas nunca vieram. Nem nunca virão.
(Adriana Luz - madrugada de 15/11/2006)