Considerações metafísicas sobre a maior grilagem da história do Brasil
 

“É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividada”
(Morte e Vida Severina: João Cabral de Melo Neto)
 
Há alguns dias atrás li um artigo de Lúcio Flávio Pinto no seu blog. Estava contando como  Cecílio do Rego Almeida tentou grilar uma vasta área no Brasil e finalmente teve seus objetivos frustrados na justiça. Conta também como foi perseguido e até condenado a pagar indenização para o grileiro por causa de suas denúncias. Li duas vezes para acreditar: a área que o fulano estava querendo “arrematar” era suficiente, em tamanho, para formar o 21º. maior Estado do Brasil. Isso significa que é também uma área maior do que alguns países do mundo.
Bom, não tenho o mesmo conhecimento da lei  e dos fatos que o Lúcio Flávio Pinto tem a respeito do assunto e só posso admirar a luta que empreendeu. No entanto, fiquei com vontade de fazer algumas considerações “teológicas” e até “metafísicas” sobre o assunto. Como diz o artigo, o grileiro morreu em março de 2008 aos 78 anos. No entanto,  a tentativa de se levar a cabo a constituição da “Ceciliolância” continuou, como vimos, até recentemente. Quer dizer, quando Cecílio chegou perante o Criador em 2008, para prestar contas, o caso ainda estava “quente”. Fico imaginando Deus, em sua infinita paciência recebendo o grileiro e perguntando: “Cecílio, por que você queria toda aquela terra?” Claro, o Ser Supremo, na sua infinita esperança, estava supondo que talvez ele quisesse todo aquele espaço para construir orfanatos, hospitais, promover a caridade. Que mais poderia ser? Por que um homem já tão rico iria precisar de toda aquela propriedade num país onde ainda há miséria e pobreza? Contra este argumento existe o fato de que a região é riquíssima e como disse o Lúcio Flávio, está cheia de rios, minérios e outros recursos naturais. Isso certamente levanta suspeitas. Mas a gente sempre deve pensar o melhor e talvez a divina paciência tenha achado que talvez o Cecílio precisasse de toda essa riqueza para poder fazer as construções. Afinal de que adianta a terra se você não tem os recursos para construir, desenvolver? Estou falando tudo isso porque, embora Deus tudo saiba, mesmo ele, não podia acreditar que uma pessoa fosse tão gananciosa que quisesse uma área tão grande que inclusive incluia áreas indígenas. Área indígena, isso é complicado, não sei como ele iria explicar. 
Grileiro.jpg
Aí sim, o grileiro teria problemas...Mas para Deus tudo é possível de se entender, talvez o Cecílio quisesse a terra dos indígenas para devolvê-las a eles, protegê-los contra outros grileiros. Você sabe como é, sempre estão tentando avançar nas coisas dos índios. O Senhor deve ter pensado também, este meu filho já tem 78 anos, é impossível que esteja querendo tudo aquilo por dinheiro, por poder. Afinal de contas ele havia programado o ser humano para adquirir sabedoria na sua velhice. Será que este fator  havia falhado no nosso grileiro? Há tanta gente malvada, pensou Deus, que talvez não fosse o Cecílio, talvez outras pessoas estivessem usando seu nome para se apoderar das terras. É verdade que isso é pouco provável pois ele era um homem esperto e inteligente. Bom, o nosso Criador tentou entender e tentou obter uma resposta razoável do recém chegado ao reino do além. Em sua infinita sabedoria Ele sabia que não podia acreditar apenas em notícias de jornal, afinal o que estavam falando do Cecílio era coisa que “até Deus duvida...” E Deus duvidou e por isso estava dando uma chance ao mesmo. Mas sabe de uma coisa, o Cecílio não tinha o que falar. Na verdade nem provar que as terras eram suas ele podia. Como apresentar aqueles documentos fajutos todos diante do Criador? Afinal ele criou tudo, imaginem, até nosso DNA, como uma pilha de documentos frios iria “colar”? E mesmo que “colasse”, como justificar a ganância? Não sei não, mas estou preocupado com o que aconteceu com o Cecílio. Nunca me esqueço do que o Filho de Deus falou na Bíblia. Sabe, aquela história de “rico entrar no céu”? Ele mesmo que falou que era mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha. Estou mesmo preocupado com o destino do homem. Quem sabe ele devesse ter escolhido uma religião com reencarnação. Assim ele poderia voltar, “expurgar” todo desejo de riqueza, viver uma vida simples, ajudar os outros e, principalmente, ter só um pedacinho de terra, o suficiente para ser feliz. Preciso parar mas as ideias continuam chegando...Fico pensando, “um camelo passar pelo buraco de agulha”...? Como seria uma área de 4,7 milhões de hectares no vale do rio Xingu passar pelo buraco da agulha? Meu Deus, não quero nem pensar...

A Notícia 

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