VIAJAR ....GOSTOS.

Há várias maneiras de viajar, segundo a economia e o gosto de cada um. E os gostos devem ser respeitados, todos, mesmo dentro de excursões, quase sempre cansativas e maçantes como me reportam alguns. Se há felicidade no gosto, seja qual for, realiza-se o objetivo.

Fico feliz em saber que hoje todos viajam, existem facilidades para realizar essas vontades, os aeroportos estão cheios. Isso é confortador, e dá acesso à cultura. Mas cada um viaja conforme suas curiosidades pessoais. Uns para jogar, tenho amigos assim, outros por prazer exclusivamente gastronômico, outros por sensibilidade artística e intelectual, outros para rolar nas estradas europeias, maravilhosas, em carros possantes e motos, algumas como a Suiça, comer um “fondue” em Gruyière, nas margens de seu lago, e dormir em colchão de penas de ganso.

Na Suiça não se paga um tostão de pedágio, diferente do resto da Europa, e é facil de ser conhecida toda, menor que o Estado do Rio, e linda, como a região do Wungfrau, com o sonho de pernoitar e ficar em Grindwald, sob as paredes do Eiger, que desafia alpinistas e pode ser visitado por obra da engenharia inglesa que leva ao seu topo.

Cidades grandes como a horrorosa Zurique, devem ser evitadas. Na Itália, de onde sou nacional, paga-se a cada instante pedágio.

Comprar é o gosto maior do brasileiro, universo gigantesco que desequilibra a balança comercial. É lamentável..Se fosse possível agrupar os gostos todos seria melhor, mas é pedir muito, o fator educação e curiosidade multifacetada é o motor principal.

Viajar para comprar é viajar para descartar, pois tudo que se compra é descartável. Viajar para satisfazer e acumular em acervo pessoal cultura e arte é agregar patrimônio pessoal. Não vou dizer que não compro, adquiro também, inclusive arte, livros principalmente, imensamente mais baratos que no Brasil e com possibilidades de encontrar o que aqui não se encontra, principalmente antigamente, trinta anos atrás, o que mudou muito, vou a Europa faz trinta anos anualmente.

Gosto de uma boa mesa e de um tinto que não violente o bolso e muito do que lá se pratica aqui não se encontra, como "moules marignés", mariscos feitos no vinho.

Esse “comprismo” atual dos brasileiros, o conhecido capitalismo selvagem dos americanos do norte e de seus nacionais, fez os EUA comprometerem imóveis hipotecados para consumir, entre o consumo selvagem, viagens, e o consumo geral originando o famoso “ subprime”, agregar crédito podre a títulos sadios. Nessa mecânica, pelo menos, os americanos do norte descobriram a cultura europeia e viajaram para melhorar sua cultura técnica, e só.

Os brasileiros, copistas que são do modelo americano, estão na mesma toada. Na França, uma francesinha, na Eurodisney, faz tempo, perguntou a minha mulher que tinha um bichinho de pelúcia encomendado nas mãos, quanto custava. Dito o preço ela disse " trés chere", muito caro. É outra a educação, não é em vão que a Disney de lá quase quebrou.

Culturalmente, se vão em Roma desconhecem que Bernini, o Rei de Roma, vai além da Piazza Navona, na fonte dos quatro rios e na Fontana de Trevi. Ninguém sabe onde está o maravilhoso “Rapto de Proserpina”, e seu David barroco que bate o de Michelangelo em Florença, no Museu da Academia, ou a maravilha da estatuária, o “ Êxtase de Santa Tereza D`Avila”.

Caravaggio, o mestre da luz e sombra junto com o holandês Vermeer, é um desconhecido. Em Paris, hoje invadida, as histórias da Porta do Inferno de Rodin, em original, ninguém, à exceção de alguns, conhece, e de onde vieram, ou se tem alguma ligação com o “Inferno de Dante”. Ou quem sabe ir em Auvers Sur Oise ver onde está enterrado o Grande Van Gogh, ao lado de seu irmão Theo, e a linda história entre os dois e a razão de estarem enterrados um ao lado do outro.

Viajar tem várias facetas, a que fica na memória e as que são jogadas fora com as compras...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/04/2012
Reeditado em 19/04/2012
Código do texto: T3619918
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