Eu sonho demais!
Fiquei horas tentando entender a carência de algumas pessoas. As pequenas mentiras que contam. As histórias que fantasiam em silêncio ou pelos quarteirões e suas conclusões. É claro que eu não entendi nada, mas pensei bastante, deu pano pra manga.
Eu sou daquelas pessoas que abraça, que abraça muito. Confesso que já abracei mais. Já dei muitos telefonemas, hoje em dia só recebo. Tenho muitos assuntos, mas poucas palavras e um pouco da carência que eu sentia foi-se embora devagar, deixando só o suficiente – eu acho.
As mentiras ainda conto, mas nada muito cabeludo. Mentirinhas curtas pra sair de alguma situação chata, essas coisas. Fantasio histórias. Coloco algumas no papel e guardo outras em alguma gaveta escondida do meu cérebro. Passo dias tentando achar soluções e final pra tudo.
Acredito que o bom da vida é ter sonho, ele é o tempero de tudo, a graça, a cor. E eu sonho tanto. Misturo tudo com realidade. Sonho e sonho sem parar. É sonho de festas, de bolos de chocolate; de valsa; de salão; estrada vazia; sorvete de flocos; chuvinha todos os dias bem na hora de dormir; cachoeira da janela; céu de estrelas; lua nova hoje, lua cheia amanhã; namoro de bem-te-vi; beijadorzinho-de-flores no quintal; um amor-perfeito aqui, um girassol ali e uma roseira carregada.
Um sonho de verão, um presente de Natal todo fim de semana. Sorriso de criança, leite condensado, mel e morango. Acho que todo sonho é doce, se não for assim não é sonho. É qualquer coisa, menos sonho.
Mas por que mesmo eu falei de tudo isso? Ah, claro! Porque eu acho que carência e sonho tem tudo a ver.
O sonho alimenta a alma, ele vem e nos recarrega, cativa vários sorrisos em meio a suspiros. Quanto mais sonhamos mais nos sentimos vivos, mais nos sentimos abraçados. Sim, o sonho abraça. E se sonharmos direito cabemos inteirinhos nele. E aí, eu me pergunto: pessoas carentes sonham demais ou sonham de menos?