Descobrindo a força do sentimento

Eu posso lhe dizer que já passou, claro que poderia, talvez seja isso que ambos queiram ouvir. Eu queria ouvir isso, e muito mais do que ouvir. Eu poderia mentir, mais um pouco, pra mim mesmo. Posso continuar brincando de fingir. De esconder. De correr. Claro que posso, eu posso, já estou fazendo. Posso continuar conhecendo outras pessoas, posso gostar delas, aprender, claro que sim, eu faço isso. Posso dizer que já se escondeu tudo que se mostrava e morria de vergonha, que se humilhava diante de mim e de você, mas só se escondeu.

É desconhecido, é intocável, ainda é imutável, por mais que tenha se transformado, por mais que seja flexível. É estranho, é complicado. É intrigante não controlar a todo vapor, é duro esconder tudo das verdades, quando as mesmas se encontram em qualquer lugar, não da pra esconder. Dá pra conviver, pra levar adiante, pra transformar e tentar seguir. Mas repito, é desconhecido! É intrigante! É desconcertante te ter assim, sem vontade própria, sem bussola ou um mapa. Resta aceitar as condições da vida, os caminhos que a bussola invisível me carrega. Nesses caminhos tem lembranças, tem passado, tem nova gente, tem você e eu.

"E o coração já quer descansar'' cantou Marcelo Camelo, e é isso mesmo. O coração já quer descansar, que seja na sombra, na minha, na sua, na de alguém, mas de preferência na minha sombra, no formato certo de mim e de todas as dúvidas. São caminhos que me distanciam de tudo que sinto, afastam tudo que sei não ser pra mim, mas meu coração e minha imaginação me enganam e me arrastam de volta ao sabor bom de sofrer por você, ao lembrar que você ainda existe e que devido a isso a história ainda não terminou. Pra falar a verdade nem sei se começou, aliás,começou sim, mas começou da maneira que a vida quis e não da maneira conveniente.

Como eu disse, escondo e fugo disso tudo, e em certos momentos até consigo aceitar a verdade a qual você não é pra mim, por agora, mas o agora foi ontem, e ainda continua hoje, e eu continuo fingindo, correndo, escondendo do meu próprio coração pra não me desentender com ele. Vou me esconder e fugir até o dia que seu perfume não me fazer tremer as pernas, ou então até o dia no qual eu te veja e não sinta vontade de te criar dentro de mim e gastar todo os criados desse bobão alienado da vida para te deixar feliz, porque sei que você não é pra mim, por agora.

É estranho como lido com isso. É estranho como meu coração se ajeitou pra teimar em querer conquistar o seu algum dia, essa mania dele de aceitar tudo calado diante de você, mas chegando em casa desconta tudo em mim., e eu bobo nem consigo dialogar ao certo com ele, e ficam os dois chorando, lamentando, brigando. Mas com o tempo passa, como já passou diversas vezes, distanciamos um do outro, meu coração se distrai por ai e eu vou logo acreditando que ele te esqueceu. Talvez seja assim, um jogo barato de fazer acontecer ao inverso, preparando a consciência pra novas pancadas da vida e seguindo ao amanhã acreditando não estar te esperando, mesmo inconscientemente.

No mais lhe deixo ser feliz, lhe desejo tudo ao dobro que vier pra mim, deixo você ser, amar, sonhar, mesmo que faça isso sem mim, talvez eu não mereça fazer parte disso e estou dando birra pra entrar, talvez eu deveria parar com essa coisa de criança e pular fora, mas não funciona assim, não a partir da minha vontade, mesmo querendo o coração se esquiva das vontades e continua estremecendo com a tua existência, com as imaginações, e está assim, estabilizado, eu querendo uma coisa e meu coração me arrastando pra outra que não faz parte de mim, por agora, e vamos embora os dois além de tudo, vamos os dois fugindo até alguém cansar e mudar o agora pra algo que realmente aconteça e não fique esperando acontecer, que não entenda, que não faça parte de nada e que no fim se resolva e se dissolva nas linhas do tempo e do agora.

Rangel Goulart
Enviado por Rangel Goulart em 18/04/2012
Código do texto: T3619008
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