Questionamento Atual sobre o Movimento Sindical

Assisti pelo noticiário da televisão que o trânsito de São Paulo ficou um pouco mais caótico do que de costume, devido à manifestação promovida pelas centrais sindicais.

Lá estavam tremulando bandeirinhas dos partidos aos quais as centrais estão intimamente ligadas e atreladas.

As palavras de ordem eram : abaixo o fator previdenciário; 40 horas de jornada de trabalho semanal; e contra as medidas do Governo de coalizão, governo liderado pelo PMDB e PT, para favorecer os exportadores e manter o equilíbrio da balança comercial.

Surpreendeu-me a manifestação visto que, não faz muito tempo havia afirmado: se o movimento sindical se mexesse seria, como sempre, movido por bandeiras políticas e elas ocorreriam, principalmente em São Paulo, governado pela oposição.

A surpresa foi acompanhada do seguinte questionamento: por que no governo passado, de mesma característica multicolorida de sua base de sustentação, onde já existia tanto o fator previdenciário, quanto a bandeira de 40 horas semanais, o movimento sindical não se manifestou? Se não foram esses os motivos que levantaram o movimento sindical da cômoda e profunda sonolência, qual o motivo real de tal manifestação?

Certamente, alguma ação diferente deste atual governo retirou o poderoso sonífero dado pelo governo anterior. E, convenhamos, soníferos viciam e causam dependência. Viciados e dependentes, quando empurrados para abstinência, reagem com certo desespero.

Repito que por não termos a cultura de participação, ou melhor por essa cultura nos ter sido de forma brilhante imposta, os movimentos sociais têm sempre a direção de cima para baixo. Partem de suas lideranças que, por meio de assembléias muito pouco participativas, aclamam decisões preestabelecidas.

Ou seja, aquela movimentação das centrais sindicais na capital paulista era de interesse das lideranças, pois tanto o fator previdenciário como a jornada de 40 horas, faz tempo que são de interesse de trabalhadores e aposentados. Inclusive a causa dos aposentados, apesar de ferrenha luta do Senador da base governista Paulo Paim, foi rejeitada pelo governo anterior e não houve qualquer movimentação em contrário.

Retornando a pergunta de forma mais objetiva: qual o motivo real que tirou as lideranças das centrais daquele sono profundo gozado no governo anterior? Qual foi o sonífero prescrito e aplicado pelo governo anterior? Por que esses viciados e dependentes saíram às ruas para bradar seus desesperos e não os desesperos da classe trabalhadora e muito menos da sociedade como um todo?

Meu entendimento é que a presidente Dilma, tomou algumas decisões que a aproximam muito mais do exercício do cargo e afastaram da postura de companheira sindical. Provavelmente, retirou gratificações, extinguiu assessorias de coisa nenhuma (“aspones”) passou a nomear para certos níveis do executivo utilizando o mérito como critério.

Enfim, se o sonífero não foi extinto, certamente a dosagem foi reduzida.

Provavelmente, os verdadeiros clamores eram os das lideranças das centrais sindicais: Presidente Dilma, retorne a dosagem de sonífero do governo anterior pois, caso contrário, nosso desespero, por abstinência imposta, vai dificultar bastante o seu governo.

Enfim, de forma mais do que transparente: Presidente Dilma não mexa com a “pelegada”.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 17/04/2012
Código do texto: T3618344
Classificação de conteúdo: seguro