Parece inocente...

 

 

Quando finalizei a compra de um carro novo, lá na concessionária disseram que mediante o pagamento de seiscentos e tantos reais, mais o valor do IPVA a ser calculado, um despachante poderia se encarregar do emplacamento. Eu não precisava me preocupar com nada, em dois tempos sairia da loja com tudo nos conformes, o documento do carro nas mãos e o dito com a chapa pendurada. Fiquei em dúvida, será que custava tão caro assim? Disse que ia pensar. Não deixava de ser prático, logo teria meu carrinho para circular. Em todo caso, achei melhor pesquisar. Descobri, então, que se eu mesma fosse atrás da papelada, pagasse e entregasse tudo no Detran, gastaria a metade daquele valor. E como dinheiro não cai do céu, decidi cuidar do assunto sozinha. E assim fiz, rapidamente e sem dificuldade. Alguns dias depois, fui ver se o documento estava pronto. Não estava, quem sabe mais para o final da semana. Voltei. Ainda não. Esperei mais e na terceira tentativa, passados dez dias do início de um processo simples que virou maratona, disseram que nada tinha sido feito porque um dos papeis não estava correto. O funcionário que recebeu, examinou e carimbou ‘não percebeu’. Como não percebeu? Tudo o que foi pedido eu entreguei! É, disse ele, na verdade não era esta nota (da venda do carro), eu me enganei, passou... Retornei à loja e lá ouvi uma história diferente. Quando o ‘nosso’ despachante faz o serviço, essa nota serve, não precisa a nota da fábrica! Se a senhora tivesse feito com ele, já estaria tudo pronto... Nem preciso contar o que passou pela minha cabeça, está na cara!

 

Tive ímpetos de fazer um escândalo, mas me contive. Disse à vendedora que não tenho nada contra despachantes, eles prestam serviço a quem não tem tempo de ir atrás dos papeis porque trabalha o dia todo ou por outro motivo qualquer, etc, etc. Mas isto não lhes dá o direito de passar na frente dos outros. Deviam ficar na fila. Do mesmo modo, o órgão público não deve ‘trabalhar’ em conluio com eles e além do mais, dificultando o caminho do cidadão comum. Todos nós, que pagamos os impostos direitinho.

 

Para completar, descobri que o serviço do despachante não inclui levar o carro até o local do emplacamento. É um funcionário do órgão público quem vai até a concessionária...  E por isto recebe pagamento extra, é claro!