A MATERIALIDADE DO CLODOVIL

Que Deus o tenha (sempre chiquérrimo!), mas é impossível não observar um fato nessa história do leilão dos bens materiais móveis e pessoais do estilista Clodovil Hernandes, este que ocorreu há poucos dias atrás, bem após o seu falecimento.

A materialidade dos bens mais desfilados e cobiçados do excêntrico estilista, dono duma personalidade contundente e extravagante, homem fino e de fino trato, que ostentava seu gosto (seria mesmo bom gosto?) num estilo inconfundível e cujos depoimentos davam o que falar, sequer conseguiu quitar as dívidas contraídas, evidenciando já um decréscimo do seu status financeiro, mas nem de longe do seu permanente e ostensivo glamour.

É de chocar como toda nossa matéria vira sucata.

Clodovil, na época então Deputado Federal, certa vez deu uma declaração polêmica, mas sincera, e que ficou muito famosa, sobre o que faria lá no Congresso Nacional "ora queridos, vou fazer o que todos fazem: nada!".

Homem de coragem, não há como negar. Muito mais homem que muitos homens masculinos!

Hoje ouso a pensar , mas com todo respeito, aquele que não existe pelos cidadãos, que talvez nós, os brasileiros, nos livramos de mais uma conta a pagar, fadados que somos a pagar todas as contas nossas...e principalmente as não nossas.

Quase fidedignamente figurativo o leilão pós morte do Clodovil: passamos a vida toda correndo atrás do que um dia deixaremos para o outro...que ainda julgará o valor agregado daquilo que conseguimos.

Mas cá entre nós: Ah, entre a famosa mesa "cobra marta" e a gravatinha borboleta de diamantes...ui!-penso ser a borboletinha (um luxo mesmo!) bem mais inofensiva no atual momento do panorama político.

Concordam?

Eu que não arremataria aquela mesa...nem morta!

Prefiro sempre um movimento levemente esvoaçante...mais relaxante...