"Vamos jogar bola..."
Um incidente curioso acontecido no campeonato baiano de futebol ganhou a imprensa do mundo todo. Durante uma partida entre o Fluminense de Feira de Santana e o Juazeirense, dono do estádio. Um enxame de abelhas invadiu o campo, fazendo os jogadores de ambas equipes, bem como o árbitro, deitarem no gramado durante cinco minutos, até que a ameaça passasse.
Alguns torcedores abrigaram-se sob uma imensa bandeira também, depois, o jogo seguiu normal.
Algumas reflexões assomaram, observando aquilo. Como seria, por exemplo, se ao invés do paraíso da impunidade, nossa justiça fosse uma ameaça real aos corruptos? O instinto de preservação da integridade foi célere, no caso das “cobaias” de ontem. Ante uma ameaça real, qualquer um “deita”.
A disputa se tornou secundária, e mesmo adversários, passaram a ter algo em comum.
Já pensou um congresso onde situação e oposição tivessem o bem estar dos cidadãos, e a lisura operacional em comum?
Ou um sistema jurídico veloz, eficaz e temível como um enxame daqueles? Para essa súcia do colarinho branco, parece que as “abelhas” da tia justa, têm sabor de mel, como fala uma canção gospel.
Muitas vozes que, quando o caso “Cachoeira” parecia com a cascata artificial da mansão Collor, bradavam por investigação, agora, que viram se tratar das cataratas do Iguaçu, negociam “Operação abafa” para manter a “governabilidade”.
Estranha dama, essa tal governabilidade da silva, não sei por que, não a vejo como mais importante que a justiça. A mensagem que meu frágil cérebro recusa digerir, é que um país só seria governável, às custas da corrupção...
O clássico, “vão-se os anéis, ficam os dedos” evidencia que, pensando minimamente, o ser humano estabelece prioridades, laborando sempre, pelo que vale mais.
O alentador agora é que, a turma do Itaú descobriu o que é mais importante para o povo brasileiro; eu seu comercial, chama a “todos os que amam esse país”, para a grande virada cívica; “Vamos jogar bola, jogar bola muda o amanhã.” Ensina.
Na verdade, baixar as taxas de serviços bancários, diminuir o tempo de espera por atendimento, repor os caixas eletrônicos que fora violados, acabar com as respostas-padrão, melhoria o amanhã de muita gente que depende de serviços bancários. Via de regra, é mais fácil qualificar a propaganda que os serviços, e nada melhor nessa terra, que voar nas asas da “Seleção Canarinho”.
Não há dúvidas que a Copa do Mundo no Brasil vai mudar o amanhã de uma minoria, sobretudo os corruptos das obras superfaturadas em pleno andamento.
Quanto à Seleção Brasileira, a quem ela pertence? Para quem a CBF presta conta sobre seus milionários contratos? Nesse caso, tem muito safado a cavalo em interesses escusos, escondido debaixo da bandeira, ou seja, insuflando um falso patriotismo, para encantar a serpente tão dócil ao som da flauta; digo, o brasileiro comum, psicodrogado pela bola e o samba.
Não fosse o aludido torpor, e todos “deitariam” a lenha nesse embuste, como a figura de ontem, a saúde a preservar antes de tudo, a bola que se dane!
Mas, não, em nome dos empregos que a coisa vai gerar, temos milhões para a copa, e as longas filas de espera nos postos de atendimento, seguem maltratando doentes, gestantes, e idosos, que não tão com essa bola toda.
Não que eu seja contra a copa em si, ou a geração de empregos. O que me irrita é que, as coisas cujo apelo promocional é maior, e a possibilidade de corrupção também, são agilizadas em poucas sessões; as que teriam prioridade popular em caso de uma pesquisa, como um upgrade na qualidade de nossa saúde, nem a passos de tartaruga.
Na verdade, a saúde é um mote gigantesco por ocasião de campanhas eleitorais, bom como serviu de pretexto para criação da CPMF, malgrado a boa intenção do então Ministro Adib Jatene. Fora isso, é mero simulacro.
Com a máscara que esses cretinos usam, caso as “abelhas” vierem ameaçar seu jogo, seguirão “tabelando” os conchavos e a corrupção como se fossem Pelé e Coutinho, afinal, eles bem sabem, que jogar essa bolada em suas contas, muda seus amanhãs.
Há duas forças que unem os homens: medo e interesse. Napoleão Bonaparte