Agora completei a visita recente as nove capitais do nordeste. Faltava Maceió. O pacote contemplava apenas um tour pela cidade, que na verdade não dá nem para se ter uma ideia do que ela é. Mas é isso aí. O turismo brasileiro privilegia sempre as praias, ainda que more em uma delas; ou compras, ainda que acabe comprando mais caro o produto “made” em sua terra. Eu sabia. Fui eu que comprei o pacote.
E qual era esse pacote? Ora, as Praias do sul: Francês e Gunga; e as do norte: Maragogi e Paripueira. Atrações: passeios de catamarã, banhos de mar e mergulhos em piscinas naturais de corais. Sou rato de cidade, mas o mar, a praia, as onda, os barcos, as velas formam uma das mais belas paisagens da natureza. Quem resiste uma foto?
Alagoas é o segundo menor estado brasileiro: 27.767Kmª, com uma população de 3.015.912hb. Sua capital Maceió (em língua indígena: terras alagadas) tem uma área de 511kmª e uma população de cerca de 900.000h, portanto ainda governável. Natural: maceioense. O Aeroporto chama-se Aeroporto Zumbi dos Palmares, lembrando o famoso Quilombo dos Palmares. Parece que foi construído recentemente.
No tour, embora pequeno, cerca de uma hora e meia, dá para ver que a cidade é limpa, ruas sem buracos, arborizadas. Curiosidade: a cidade tem três estátuas da liberdade, iguais a americana. Como sou também rato de livraria, de noite, depois das praias, fui ao melhor dos shoppings da cidade o Alagoas e, que tristeza, soube que a cidade só tem uma livraria (existem várias papelarias/livrarias, o que não é a mesma coisa): a Sodiler. É triste que na terra de Jorge de Lima, de Graciliano Ramos, de Aurélio Buarque de Holanda, Nise Silveira, tantos intelectuais famosos só tenha uma livraria.
O que eu buscava, principalmente? As recém lançadas memórias de Ledo Ivo. O vendedor consultou no computador e não constava nem o nome do poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele ficou sem jeito quando me viu surpreso. Mas, o curioso da história é que voltando ao Hotel, li na Gazeta de Alagoas, do dia 6 de abril, uma pequena notícia dizendo que o poeta Ledo Ivo “inspirou a criação de um espaço permanente no Museu do Palácio Floriano Peixoto: o espaço ocupa três salas, dotadas de recursos multimídias”. Fiquei sem entender. E olha que Alagoas é um dos grandes motivos da poesia de Ledo Ivo.
Um dos guias, o Miro, muito bem informado, mostrou-nos a caminho da praia de Paripueira, uma casa onde teria morado José Lins do Rego, na década de 30. Casa onde possivelmente confabulavam Zé Lins , Graciliano e Raquel de Queiroz. O local chama-se Riacho Doce, nome de um de seus romances. Mais a diante a casa de P. C. Farias, de triste lembrança. Alagoas é um estado politicamente famoso por ter dado ao Brasil três presidentes: Deodoro, Floriano (o Marechal de Ferro) e Fernando Collor de Melo. E o poderoso Ministro da Guerra de Getúlio Vargas: Gois Monteiro.
Miro também nos fez rir, com o seu sotaque cantado, ensinando algumas palavras ou expressões do alagoês, como: chumbregar, namorar; tapa de bico, beijo na face; embeiçar, beijo na boca; cata bilo, topada, queda repentina; agateado, olhos claros; boba, andar à toa. Mas, vou terminar esta crônica homenageando Ledo Ivo com a transcrição de seu belíssimo, Soneto de Abril:
E qual era esse pacote? Ora, as Praias do sul: Francês e Gunga; e as do norte: Maragogi e Paripueira. Atrações: passeios de catamarã, banhos de mar e mergulhos em piscinas naturais de corais. Sou rato de cidade, mas o mar, a praia, as onda, os barcos, as velas formam uma das mais belas paisagens da natureza. Quem resiste uma foto?
Alagoas é o segundo menor estado brasileiro: 27.767Kmª, com uma população de 3.015.912hb. Sua capital Maceió (em língua indígena: terras alagadas) tem uma área de 511kmª e uma população de cerca de 900.000h, portanto ainda governável. Natural: maceioense. O Aeroporto chama-se Aeroporto Zumbi dos Palmares, lembrando o famoso Quilombo dos Palmares. Parece que foi construído recentemente.
No tour, embora pequeno, cerca de uma hora e meia, dá para ver que a cidade é limpa, ruas sem buracos, arborizadas. Curiosidade: a cidade tem três estátuas da liberdade, iguais a americana. Como sou também rato de livraria, de noite, depois das praias, fui ao melhor dos shoppings da cidade o Alagoas e, que tristeza, soube que a cidade só tem uma livraria (existem várias papelarias/livrarias, o que não é a mesma coisa): a Sodiler. É triste que na terra de Jorge de Lima, de Graciliano Ramos, de Aurélio Buarque de Holanda, Nise Silveira, tantos intelectuais famosos só tenha uma livraria.
O que eu buscava, principalmente? As recém lançadas memórias de Ledo Ivo. O vendedor consultou no computador e não constava nem o nome do poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele ficou sem jeito quando me viu surpreso. Mas, o curioso da história é que voltando ao Hotel, li na Gazeta de Alagoas, do dia 6 de abril, uma pequena notícia dizendo que o poeta Ledo Ivo “inspirou a criação de um espaço permanente no Museu do Palácio Floriano Peixoto: o espaço ocupa três salas, dotadas de recursos multimídias”. Fiquei sem entender. E olha que Alagoas é um dos grandes motivos da poesia de Ledo Ivo.
Um dos guias, o Miro, muito bem informado, mostrou-nos a caminho da praia de Paripueira, uma casa onde teria morado José Lins do Rego, na década de 30. Casa onde possivelmente confabulavam Zé Lins , Graciliano e Raquel de Queiroz. O local chama-se Riacho Doce, nome de um de seus romances. Mais a diante a casa de P. C. Farias, de triste lembrança. Alagoas é um estado politicamente famoso por ter dado ao Brasil três presidentes: Deodoro, Floriano (o Marechal de Ferro) e Fernando Collor de Melo. E o poderoso Ministro da Guerra de Getúlio Vargas: Gois Monteiro.
Miro também nos fez rir, com o seu sotaque cantado, ensinando algumas palavras ou expressões do alagoês, como: chumbregar, namorar; tapa de bico, beijo na face; embeiçar, beijo na boca; cata bilo, topada, queda repentina; agateado, olhos claros; boba, andar à toa. Mas, vou terminar esta crônica homenageando Ledo Ivo com a transcrição de seu belíssimo, Soneto de Abril:
Agora que é abril, e o mar se ausenta,
secando-se em si mesmo como um pranto,
vejo que o amor que te dedico aumenta
seguindo a trilha do meu próprio espanto.
Em mim, o teu espirito apresenta
todas as sugestões de um doce encanto
que em minha fonte não se dessedenta
por não ser fonte d´agua mas de canto.
Agora que é abril , e vão morrer
as formosas canções dos outros meses,
assim te quero, mesmo que te escondas:
amar-te uma só vez todas as vezes
em que sou carne e gesto, e fenecer
como uma voz chamada pelas ondas.
secando-se em si mesmo como um pranto,
vejo que o amor que te dedico aumenta
seguindo a trilha do meu próprio espanto.
Em mim, o teu espirito apresenta
todas as sugestões de um doce encanto
que em minha fonte não se dessedenta
por não ser fonte d´agua mas de canto.
Agora que é abril , e vão morrer
as formosas canções dos outros meses,
assim te quero, mesmo que te escondas:
amar-te uma só vez todas as vezes
em que sou carne e gesto, e fenecer
como uma voz chamada pelas ondas.