CURRALATION ELEITORALE

Carlos Reis Sousa

Nada de técnicas sofisticadas tipo as usadas pelo FBI para capturar Bin Laden, a receita é simples: basta ir ao comércio da esquina, comprar um saco de estopa, se preferir pode usar uma caixa de papelão, pode ser até aquelas usadas para colocar sabão em pó. Coloque um quilo de arroz, um de café, um de açúcar, duas sardinhas, um pacote de macarrão e uma margarina. Faça uma quantidade razoável de cestas básicas. Espalhe na rua que está ajudado os mais necessitados em sua casa. Faça isso uma vez por mês e perpetue-se no poder para século sem fim amém. Essa é a técnica eficaz usada por políticos-bichos-papões sem escrúpulos, esbanjadores de cretinice para enganar os pobres e ano a ano se perpetuarem no poder. Esses pilantras sem alma, mesmo em pleno século XXI, utilizam-se dessas e outras técnicas fajutas, retrógradas para sorrirem da cara dos indefesos, pagadores de impostos, sustentadores da política brasileira . Por um lado, dão cestas básicas, carradas de barro, dentaduras e outros paliativos para enganar a fome diária dos sem teto, dos sem-terra, dos sem emprego. Por outro lado, com o dinheiro público, constroem patrimônios exorbitantes, saqueiam as áreas públicas das cidades e compram os melhores carros e apartamentos na capital. Sinceramente eu sei que esse assunto já está batido, saturado, mas, sinceramente, me dar um nojo, uma náusea tão forte ao falar desse assunto, que é o jeito vomitar minha indignação através deste texto. Se você tem dificuldade para indignar-se, basta começar a observar a realidade política, se é que podemos chamar isso de política, dos municípios brasileiros, especialmente nas minúsculas cidades brasileiras. Os coronéis normalmente, sobretudo se perdem as eleições, somem para os grandes centros para repousarem nas suas mansões construídas com o dinheiro público, e retornam somente no ano eleitoral. E aí começam a fazer favores para reconquistarem os eleitores. As pessoas chegam a fazer filas nas portas deles. Os sem teto, sem comidas, sem remédio e outras denominações se obrigam a receber migalhas. Enquanto isso os cabos eleitorais, como vereadores e outros donos de empresas, geralmente laranjas, são cooptados por meio de dinheiro vivo ou promessas de falsificação de licitação no futuro para ganharem concorrências e enriquecerem. Para esses coronéis é importante que o povo continue pobre e permaneça como presas fáceis da corrupção política. É importante para esses políticos-bichos-papões elegerem para sua base aliada vereadores bobos, sem conhecimento, sem moral a fim de que também sejam presas fáceis e jamais façam qualquer coisa para mudar essa realidade sagaz e destruidora da vida das pessoas. Essas são na verdade as mesmas técnicas dos currais eleitorais do passado. A diferença é que antes usava-se o chicote para obrigar as pessoas a votarem. E agora usa-se as técnicas agradáveis da falsa barriga cheia, da cerveja-felicidade, do foguete-animador e do sorriso-deus-na-cara e o diabo-no-coração. A essas técnicas não se chama mais de curral eleitoral para não pegar mal e parecer coisa do passado. Agora o nome é moderno: curralation eleitorale. Encerro esse texto, pálido de tanto vômito, mas ainda tenho que dizer a esses entulhos da política brasileira, juntamente com meu avô, que dizia aos trapalhões de botecos e eu agora digo a esses estupradores de pobres: VÁ PRA LÁ RAPAZ.