Verdades absolutas

Não existem verdades absolutas. Durante muito tempo, acreditei no contrário. Sabia, claro, que existiam verdades ocultas, meias verdades ou até mesmo verdades mutantes. Mas tinha convicção que deveria haver sim verdades imutáveis.

Enganei-me. Não costumo ter vergonha de admitir meus erros, equívocos, confusões, mudanças de pensamento. Então, hoje vejo e admito que não existem verdades absolutas.

As verdades são verdadeiras num contexto, num determinado momento, para uma pessoa específica. Mudando alguma dessas coisas, o grau de verdade também muda, assim como a importância do fato relatado, sendo ele verdade ou não. Porque existem sim mentiras importantes também.

Já deve ter acontecido com você. Imagina que você tenha ficado curioso para saber “algo” e não encontrava ninguém que lhe contasse nem algum outro meio de descobrir o que é. Frustrante. Desesperador talvez. Mas sem alternativa, solução foi deixar o tempo passar...

Obviamente que as curiosidades mais agudas não nos abandonam nunca e por mais que o tempo passasse, a vontade de saber continua lá, guardada em algum lugar do cérebro, atordoando de alguma forma o coração. Ou seja, a curiosidade, assim como muitos outros sentimentos que têm vida própria, é muito persistente, não morre nunca.

E então, depois de muito tempo, descobrimos, às vezes por acaso, o que era o tal fato tão ansiado por se saber. “Era isso então...?”, com uma pitada de decepção, deixamos escapar. Mas não é que o fato não tivesse importância (porque se há uma única exceção para a morte da curiosidade é para os fatos realmente irrelevantes). A questão é que depois desse tempo todo, passadas tantas águas, a mesma verdade já não tem mais o mesmo impacto.

Também não é apenas porque o tempo passou, pois o contexto e as pessoas envolvidas podem ser exatamente as mesmas, mas é que o “sentimento” mudou. O tempo tem essa propriedade: transformar as emoções, mudar os sentimentos. E como as coisas têm a importância que nós damos a elas, a verdade descoberta tarde já não tem mais graça.

A vida é assim, tem o momento certo das coisas aconteceram. E as verdades são exatamente do mesmo jeito, têm a hora certa de serem reveladas, conhecidas, digeridas, aceitas. Se não for assim, podem ficar entaladas, podem incomodar ou ferir mais do que o necessário ou então podem não servir pra nada. Isso é verdade, eu juro, mas como não existem verdades absolutas...

(Catalão, 13/04/2012)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 15/04/2012
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