Amiga
A amizade feminina é misteriosa, pois perto dos beijos e abraços, trocados com tanta intimidade se esconde também uma demonstração disfarçada de ódio. Existe amor, evidentemente. Mas, também existe hostilidade. E há essa hostilidade, porque existe competição. As mulheres, pra não falar, as meninas, pegam a mão de suas 'coleguinhas' e as puxam de perto dos homens, numa festa, com uma demonstração tão evidente de intimidade, que chega a provocar nos homens a suspeita de que são irmãs.
Na verdade, essa é a bobagem do lado feminino. Da mesma forma que existe bobagem do lado dos homens, que ignoram as meninas no grupo, e, por isso, se tornam bobos; do lado das meninas também há esse comparecimento.
Quando a mulher puxa a amiga para seu lado, numa festinha, por exemplo; não é pra seu lado que ela está interessada, o que ela está preocupada, é em afastá-la de perto 'deles'. A afetividade que aí se impõe é apenas para disfarçar um ódio maior: um ódio infantil e de ficar sendo sempre 'menina'. É como se houvesse um grito interno, no corpo da dupla feminina: 'não queremos ser mulheres'. Ou seja: trata-se de um comportamento adolescente. Comportamento de quem nunca precisou amar de verdade e por isso não valoriza a relação amorosa.
Como na vida, não há quem escape do abismo, uma hora vai chegar e se impor a solidão: e é nessa hora que comparece a briga com a amiga. 'Você se separou de mim: não é mais minha amiga'. Isso significa, que uma ora, ou outra, essa bobagem de 'amigas' vai acabar. É nessa hora, que a menina, vai deixar de ser menina, e quererá virar mulher.