Uma Porta Entreaberta

Estou aqui, assustado em meu mundo. Pessoas conversam, gesticulam, porém não me dizem nada. O sol já não tem a intensidade suficiente para acalorar minha alma, e a lua, o brilho para iluminar meus pensamentos. O meu coração não tem porque bater. Nada faz sentido. Estou paralisado de medo e insegurança. Mas quando tudo parece perdido, visualizo uma porta entreaberta dentro de mim. Com uma força até então inconsciente, caminho para esse mundo. Prazerosamente vou reconhecendo paisagens, objetos, móveis e pessoas, enfim, tudo vai ficando docilmente familiar.

Agora, do quintal da minha infância, à sombra de um parreira, ouço gorjeio de canários belgas, enquanto sinto o cheiro gostoso do bife acebolado e do arroz avermelhado de tomate, que somente meu avô sabia fazer. Desenho numa folha qualquer, tendo comigo sua mão amiga e firme.Já não sinto mais medo, seu sorriso me tranquiliza. Agora posso compartilhar minhas dúvidas , alegrias e tristezas. Posso pedir colo e aconchego.

Minha avó permanece sentada na cadeira de balanço, narrando os fatos importante do seu jornal matutino.

Fico feliz em saber que na minha vida, posso abrir uma porta do meu coração e encontrar a doce presença dos meus avós. Desse modo tenho a certeza de que as lembrança só são necessárias e importantes, quando podemos buscá-las para o nosso equilíbrio e crescimento interior.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 15/04/2012
Reeditado em 17/04/2012
Código do texto: T3613809
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