Estrada, um carro em uma curva perigosa

Mas uma noite fria, me sentia só mesmo não estando sozinha cansada de tantos aborrecimentos, não aguentava mais tanta solidão. Sai de casa meio que aflita, peguei a chave do carro e dei logo a partida, não olhei para trás, não queria ter do que lembrar, nem sentir-me fraca outra vez, estava disposta e precisava estar, afinal era o único modo de seguir adiante. No percorrer da estrada, nada mais ouvia, só sentia o som do motor do carro, cada vez que eu acelerava, pensei naquele momento na minha vida, no vazio que tinha se tornado, onde meus sonhos haviam se perdido e a realidade dura, me fazia sentir como num filme de terror. Onde estaria meu erro? Onde deixei minhas esperanças? Porque me sentia tão débil, para mudar o percurso da minha vida? Para onde eu iria? Quem me socorreria? O que fazer em meio a uma curva perigosa? No meio de tantas perguntas, recordei-me mais uma vez, lembrei do meu passado, de como eu era, de como eu seguia a minha vida.

Sempre segui como um carro de fórmula 1, corria sem medo, sem ouvir quem estava ao meu lado, neguei muitos conselhos, pensando sempre ser dona da minha razão, mas como um carro que precisa ter seus cuidados para que o motor não sofra com o tempo seu desgaste, assim era eu, precisava cuidar do meu coração, dos meus pensamentos, mas fui levando cada momento bom ou difícil, como se nunca pudesse me desgastar, mesmo nas circunstancias mais adversas seguia com pressa, sem observar o quão cansada estava. Agora percebo o quanto errei, ao não ter tido atitude para enfrentar os meus temores, ou lutar pelo que de fato eu queria, ao invés de simplesmente acelerar e acelerar, coisas pequenas que talvez pudessem ter sido resolvidas, tomaram cada vez proporções ainda maiores, ao ponto de me deixarem hoje sem forças em meio a essa encruzilhada de emoções.

De volta à estrada mais uma vez, de modo físico e real percebi que com os mesmos conflitos que lutava interiormente, me deparava no exterior, naquela estrada. Estava mais uma vez acelerando e não enfrentando meus problemas, sem saber para onde ir, e a medida que o som do motor ruia ao acelerar o carro, ruia também o meu coração, ao acelerar a minha vida, sem de fato enfrentar e lutar pelo que eu queria, conclui que no meio da curva perigosa, ninguém iria poder me ajudar, quem dirigia o carro era eu e só eu poderia conduzi-lo ao caminho mas tranquilo, ninguém poderia tomar as decisões por mim e eu não poderia fugir a vinda inteira, uma ora a gasolina do carro ia acabar, e estaria sozinha mais uma vez, no meio de uma estrada desconhecida. Tomei coragem, dei a volta com o carro, e reduzi a velocidade, não ouvia mais o bendito som do motor, não ouvia mais nada, percorri o restante do trajeto em silêncio, total e completo, nem as memórias me perturbavam mais, nem uma simples recordação continuava tranquila, só sentindo a brisa e o frescor, ao começar um novo dia, o frio da noite anterior parecia cada vez mais distante a media que voltava para casa.

Ao chegar em casa, parei em frente a garagem mas antes de descer do carro percebi, que tinha pego a estrada certa, que me levou a ver que nunca é tarde para recomeçar e que nem sempre vale a pena acelerar em tudo na vida, e que seguindo de vagar eu encontraria a minha paz tão almejada, não adiantaria mais atribuir a terceiros a responsabilidade de cada curva perigosa que a vida viesse a me propor afinal quem dirige a minha vida sou eu, então as decisões certas ou não, sempre serão minhas e que é preciso ter coragem para erguer a cabeça, mesmo nos momentos difíceis e assumir que errou e recomeçar,aprendendo a cada dia nesta estrada, nesta vida.

Ingrid Vale
Enviado por Ingrid Vale em 14/04/2012
Reeditado em 31/01/2013
Código do texto: T3612050
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