Aos nossos moleques de pé no chão.

Vocës são tantos que os números do mundo são poucos para contá-los,

vivem nas rebarbas do nosso caminho feito praga que se alastra aos passos do vento,

vocês tornam o nosso horizonte órfão, quebradiço, triste.

A vida fez questão de rasgar o sumo das suas almas,

jogou todos seus sonhos na privada do nosso desprezo,

empedrou o seu sangue só para que ficasse entalado num canto qualquer.

Quando vejo vocês dá vontade de chorar, só chorar,

só que esse choro não vai limpar suas feridas,

nem, tampouco, resgatar a sua fé tão arredia e oca.

Se são criaturas de Deus, Deus devia estar bêbado quando os fez,

porque não dá pra entender como conseguem viver num lixo sem trégua sem, simplesmente, morrer disso,

não dá pra entender como o mundo todo pode virar as costas pra vocês e ainda sorrir,

não dá pra entender como ainda insistem nessa coisa chamada cidadania, quando vocês são jogados nesta fétida vala a toda hora.

A vontade dos homens é riscá-los do mapa, com o mesmo desprezo e ódio como matamos uma barata qualquer,

o desejo do poder é calar a sua boca, enferrujar seus desejos e apoderecer cada quinhão de sonho que teimar em vir à tona.

Mas vocês são mais fortes do que todos nós juntos,

vocês têm mais garra do que todos estes engravatados metidos a besta, só querendo cagar regras que não servem pra nada nem pra ninguém,

vocês têm mais vida do que toda essa escória que deveria dar o peito pra vocês mamarem,

mas a única coisa que faz é cuspir no meio da sua cara gargalhando uma sórdida alegria sem tamanho.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/04/2012
Código do texto: T3611700
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