O Nó do Ensino Médio
Bem noticiado pela imprensa o lançamento do livro do Professor Moaci Alves Carneiro. Ao lado dessa notícia, outras costumeiras de corrupção em compras e vendas públicas; repetitivos crimes nas ruas, casas e escolas; descasos com escolas, merenda e transporte escolar; comércio de droga; licitações simuladas; desrespeito violento ao pai, à mãe e aos professores; tiroteios em salas de aula e no pátio de recreação e tantas outras que alarmam a estruturação da nossa sociedade. Tudo isso se lia ao lado de mais um livro sobre a solução de todos esses problemas: a educação.
Mas, ironicamente, como sendo solução, a educação é um problema? Ao ouvirmos os propósitos políticos, no tempo de campanha, o demagogismo promete “tudo pela educação porque somente a educação fará crescer o país”. Infelizmente a consciência disto não é latente para que se avalie quanto tais eleitos prometeram e nada fizeram pela educação, relegando-a ao penúltimo ou último plano; apertando o nó, de nó para nó cego. Pouca reclamação aos governantes é feita, ao contrário do que se faz, reivindicando-se atenções às necessidades imediatas de saúde contra a dor ou de segurança de vida.
No citado livro, embora o título se refira apenas ao ensino médio, o professor Moací descreve muito bem como se fez o nó e como se pode desatá-lo, abordando magistralmente as causas cruciais da má educação. Dessas, a destacada é a má remuneração do professor na sala de aula, que se arrasta desde o período colonial, o que deveria constranger os bem sucedidos ou ricos profissionais, que atingiram instâncias maiores do poder ou donos de escola, que não obteriam tal sucesso sem o conhecimento ou os instrumentos que esses professores mal remunerados lhes ensinaram. Destacável ainda é a necessidade de o Estado priorizar a educação, considerando a remuneração do docente, cujo quadro cada dia mais se empobrece em todos os sentidos. No lançamento, o autor Moaci relembrou um episódio, ocorrido quando morávamos em Paris: no frisson da construção do aeroporto Charles De Gaulle, aconteciam importantes eventos da área tecnológica, quando o então esclarecido Presidente François Mitterrand preferiu o lançamento de um livro sobre educação fundamental a um sobre pistas e estradas. Criticado por tal preferência, explicou: “Pensam que a função principal do Estado é construir pontes e estradas, esquecem, porém, que seu principal dever é cuidar da infância e da juventude da sua nação”.